Final

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Há uma porta bem em frente aos olhos de Osamu.

É uma porta bonita, elegante. Sua cor é um branco puro e sem resquícios de tempo ou sujeira; é uma porta nova, limpa e brilhante. Seus detalhes são trabalhados em um dourado tão limpo e lustroso quanto a cor da madeira; há uma curva ao lado da maçaneta que se ramifica em quatro linhas retas igualmente douradas. A maçaneta não tem detalhes, mas possui uma cor prateada que combina com toda a paleta de cores da porta.

É um sonho. Osamu pensa consigo mesmo. Quando foi que adormeci?

Ele não sabe exatamente como percebeu que tudo aquilo não passava do fruto de sua consciência quase adormecida. Talvez fosse a vasta imensidão vazia e escura em que ele estava. Olhando para baixo, Osamu parecia flutuar. Não havia reflexo quando ele olhava para seus pés, apenas um grande plano escuro, se misturando com o resto da paisagem. Osamu estava pisando em algo, mas não conseguia sentir o que era exatamente aquele algo, mas com certeza, não era um chão.

Olhando para cima, ele percebe que aquele local não era precisamente vazio. Acima de si, Osamu vê vários pontos decorando o céu escuro. Pontos de diversos tamanhos de coloração branca brilhante, piscando sem parar como luzes em uma noite de Natal.

Estrelas.

Não, não apenas estrelas. Osamu pensa assim que vê algo esbranquiçado cortar o céu em uma rapidez impressionante. Há uma estrela cadente também.

É um sonho. Osamu não sabe onde está e nem como havia chegado ali, mas entendia que era apenas um sonho e sonhos muitas vezes não fazem sentido. Se fizessem sentido, que tipo de explicação ele daria para o grande plano estelar, que se assemelhava ao céu em uma noite estrelada, com uma porta branca e flutuante no meio dele? Não havia explicação lógica para nada daquilo.

Inexplicavelmente, Osamu não se sentia assustado ou perdido. Ele não sentia necessidade de procurar uma resposta, mas sim, de apenas se aproximar daquela porta bem a frente de seus olhos. Olhar para aquela porta era intensificar o sentimento de atração a cada segundo que se passava. Osamu mal registrou quando seus pés começaram a andar sem sua devida permissão em direção a aquela grande porta.

Sua mão se aproxima lentamente da maçaneta prateada, tocando-a delicadamente quando a alcança. Ela gira com facilidade para o lado; seu toque é quente e estranhamente acolhedor sob suas mãos. Osamu não sabe o que há do outro lado da porta, mas algo no fundo de seu coração lhe diz para apenas confiar e ir em frente.

Algo em seu coração lhe diz que o que quer que seja que esteja atrás daquela porta, é algo que irá mudar Osamu para sempre.

Finalmente, Osamu abre a porta, sentindo seu coração palpitar em sincronia com o leve ranger da porta. Diferente do ambiente escuro que Osamu se encontrava, o local que se mostra para ele é de uma cor clara e brilhante de um branco puro. Por mais brilhante que o espaço a sua frente fosse, Osamu não sentia a necessidade de fechar os olhos. A brancura era tão acolhedora quanto a vasta escuridão atrás de si. Em um movimento rápido, Osamu deixa seu corpo abandonar o antigo espaço e adentrar no novo.

Há um suave barulho de algo se fechando atrás de si, mas Osamu não se vira.

Ao invés, ele mantém seu olhar focado a sua frente, percebendo que ele não estava exatamente sozinho naquele espaço. Não há estrelas, ou estrelas cadentes enfeitando o céu. Na verdade, há algo maior do que pequenos corpos celestes transitando em um vasto espaço; bem à frente de Osamu, há uma silhueta alta e claramente humana.

Ao olhar para as costas do estranho, algo estala em seu coração. Em questão de segundos, Osamu entende de onde todos aqueles sentimentos estranhos de calor e afeição que o fizeram confiar completamente naquela porta vinham. Não era difícil entender a razão da ansiedade de Osamu para adentrar aquele espaço ao ver quem estava bem à frente de seus olhos.

Wherever You Will GoWhere stories live. Discover now