Adolescência II

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Osamu cai no sono com a cabeça cheia de pensamentos relacionados a Suna. Não é uma surpresa que, assim que ele abre seus olhos na manhã seguinte, a primeira coisa que se passa em sua mente são os mesmos pensamentos que o levam a mesma pessoa. Osamu nem consegue se incomodar com a luz irritante que transborda pelas frestas finas de sua janela. Os pensamentos sobre Suna são mais fortes que qualquer luz do sol em seus olhos sensíveis.

Suas órbitas ardem pela falta de um sono de qualidade e seu nariz parece incrivelmente seco. Osamu esfrega ambas as mãos no rosto em uma tentativa de espantar a sonolência presente que o faz ter vontade de se afundar nos lençóis novamente.

Osamu não tem tempo para dormir ou se sentir cansado. Sua determinação antes de pegar no sono ainda queimava com intensidade. A semana ainda não havia finalizado e Osamu teria alguns dias antes do fim de semana. De repente, ele se sente levemente aliviado por não ter desperdiçado o primeiro dia.

Elogiar e comprar um chuupet para Suna parecia ser um bom começo no relacionamento dos dois. Agora que Osamu estava "acordado", ele poderia fazer mais coisas para mostrar a Suna que havia alguém que se importava com ele.

Antes de dormir, Osamu havia pensado em mais um detalhe que poderia lhe ajudar: As cartas escritas por Suna antes de seu suícidio. Elas haviam passado ligeiramente por seus pensamentos antes que ele desse um salto temporal de volta para sua adolescência. Olhando agora, elas poderiam ser extremamente úteis, já que mostravam um lado obscuro dos últimos pensamentos de Suna. A primeira carta mostrava suas reflexões sobre sua família, a segunda sobre si mesmo.

Osamu endireita-se na cama e olha para o relógio, vendo que ainda falta uma hora e meia para que ele possa realmente iniciar seu dia. Ao sentar-se, ele se esforça para lembrar cada palavra que Suna colocou em sua segunda carta.

"As pessoas são desinteressantes para mim.

Eu quero fazer amigos, mas ao mesmo tempo quero que as pessoas me deixem em paz.

Eu quero ser importante, mas não sei se consigo fazer com que alguém se torne importante para mim. (Quero me sentir importante).

Me sinto frustrado quando as coisas não saem do meu jeito. Quando acho que estou melhorando, percebo que minha presença não faz diferença. As pessoas sempre parecem querer estar mais com outras do que comigo.

É bom que meu interesse morra eventualmente? Eu me importo com elas, o tempo não importa. No final, o que eu sinto por elas some. Desaparece. É como se não tivesse existido.

(Dói) Não me sinto parte de nada. (A culpa é minha por ser do jeito que sou).

Isso não vai mudar. (Mas eu quero. Quero ter amigos). "

Suna quer amigos, Suna quer se sentir importante. Antes, Suna queria fugir das agressões de seu padrasto e os olhares de sua mãe; com a intervenção de Osamu, Suna havia sido capaz disso. Em sua linha do tempo, Suna não era próximo de ninguém e não fazia nenhum tipo de esforço para mudar isso. Ninguém nunca tentou fazer o contrário depois de serem recebidos com olhares e atitudes desinteressadas. Nem mesmo Osamu sentia vontade de fazer tal coisa além de saudações habituais.

Mas agora era diferente. Osamu sentia vontade de se aproximar de Suna, e sabia que o antigo bloqueador do meio também estava disposto para tal. Relacionamentos interpessoais eram difíceis de serem trabalhados e mantidos, Osamu deveria ter sido mais atento a esse detalhe. Às vezes as pessoas tem dificuldade para fazerem o que os outros tem facilidade, ele mesmo compartilhava dessa dificuldade algumas vezes. Suna apenas precisava de um empurrão.

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