Adolescência IV

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Independente dos últimos acontecimentos de sua vida, Osamu sente-se estranhamente calmo. Há uma leve camada de paciência e equilíbrio que andam rondando cada passo que ele dá ultimamente. Osamu não sabe exatamente quando adquiriu tal estado, mas não há motivos para que ele não agradeça por isso.

Estar perdido em uma confusão temporal e uma confusão de sentimentos era muito para uma pessoa só processar; qualquer um em seu lugar provavelmente perderia a cabeça na primeira volta ao tempo.

Mas não Osamu. Por algum motivo, não Osamu.

É claro que ele ainda sentia-se nervoso quando necessitava tomar decisões e tomar a frente em algumas situações, mas seu nervosismo não chegava mais ao limite de um surto sem controle. Osamu ainda estava pisando em gelo fino quando se tratava de certas coisas, mas sua cabeça estava no lugar; sempre focada em seu objetivo.

Talvez a razão de tal estado se dê pelo sucesso de suas ações. O aniversário de Suna não poderia ter saído melhor; havia sido perfeito do começo ao fim. Depois de entregar as cartas e aproveitar os últimos momentos da comemoração, Osamu sentia-se tão leve quanto uma pena. Observar o rosto sereno de Suna, sem o ver perder-se dentro de si nem por um minuto, havia feito Osamu flutuar por um segundo.

Pelo menos ali, naquele momento, Osamu conseguiu a reação que desejava para o antigo bloqueador do meio. Conseguiu fazê-lo esboçar um sorriso com uma atitude simples e rápida. Osamu só quer fazer aquilo durar por mais tempo.

Para sempre, se possível.

Osamu não sabe quando vai ser a última vez dele naquela linha temporal. Da última vez, ele havia sido permitido de ouvir o Até Mais de Suna, mas qual seria a sua garantia desta vez? Até quando seria possível ficar em sua época de ensino médio? Era impossível descartar a possibilidade de Osamu acordar um dia e se encontrar novamente ao tempo em que pertencia.

Ele nem mesmo sabia se seria possível conseguir evitar o futuro de Suna. Ele estava apenas jogando com probabilidades e esperança. Osamu não tinha garantia de absolutamente nada.

As cartas eram seu começo e sua principal guia para ajudar Suna com o que quer que ele estivesse sentindo e vivenciado quando as escreveu. Era praticamente uma corrida contra o tempo sem a garantia de que Osamu conseguisse chegar ao seu objetivo.

Mas ele ainda precisava tentar, independente de qualquer coisa. Mesmo que tudo ainda fosse confuso, era uma segunda chance de fazer o certo. Fazer tudo que ele não havia feito da primeira vez.

E se ele pudesse obter mais reações suaves e leves de Suna no processo, Osamu consideraria como uma vitória. Não era uma certeza, mas Osamu sentia que os sentimentos e as palavras transmitidas nas duas primeiras cartas escritas por Suna desapareceram. As expressões que Suna lhe dava faziam Osamu pensar dessa maneira.

Depois que as comemorações acabaram, Osamu caminhou com Suna de volta para a casa como de costume. Seus companheiros de time praticamente os expulsaram de lá quando tudo acabou, Atsumu incluído, insistindo que Osamu havia feito demais e Suna, como aniversariante, escaparia da limpeza. Suna não pareceu se importar, mas Osamu ainda gostaria de ter feito sua parte.

Os dois não conversaram muito, parecia que tudo que precisava ser conversado havia ficado dentro do ginásio de vôlei; ambos prefeririam continuar em silêncio, apenas aproveitando os sons naturais do ambiente. Osamu não tinha problemas com isso, visto o quanto Suna parecia confortável enquanto caminhava.

Suna também não estava se perdendo em pensamentos.

Ao passar pela conhecida loja de conveniência, Osamu lembra-se de algo.

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