Capítulo 45: Del Mar.

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—Eu arrumei isso pra você

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—Eu arrumei isso pra você. —Aaron soltou uma caixa em cima da cama, me encarando com atenção, enquanto eu me olhava no espelho, ainda enrolada em uma toalha. —Achei que você gostaria de estar usando um vestido, para sua irmã... eu não sei.

—Talvez seja uma boa ideia. —Concordei, talvez um simples vestido pudesse passar um ar de tranquilidade, que estávamos precisando. —Obrigada, Aaron.

—Tudo que quiser, amor. —Ele sorriu, se aproximado e tirando a toalha que estava envolta de mim, me secando com cuidado e depois me ajudando a colocar o vestido.

Observei pelo espelho, ele fechar os botões atrás, com os dedos roçando de leve na minha coluna, me causando arrepios. Ele ergueu os olhos, como se soubesse que eu estava o observando e sorriu com o canto dos lábios. Engoli em seco quando ele pegou meus cabelos e jogou para o lado, deixando meu pescoço exposto pra ele. Mordi a língua quando senti ele deixar uma trilha de beijos ali, subindo e acariciando com uma lentidão que me dava arrepiados. Levei minha mão para trás, agarrando os cabelos negros e macios, enquanto a dele subia e segurava meu pescoço, sem deixar de beijar minha nuca.

—Mais tarde, talvez. —Ele sussurrou, deixando um último beijo no meu pescoço e se afastando, me deixando com o corpo incendiando.

—Mais tarde. —Concordei, sem fôlego.

[...]

Encarei a cidade calma e silenciosa que estávamos. Eram casas de pedra e de madeira, cheias de jardins e flores por todos os lados. As ruas, também de pedra, estavam iluminadas por pequenas tochas colocadas sobre o caminho. As casas eram simples, pequenas, mas pareciam aconchegantes. Uma cidade humana e tranquila. No horizonte eu podia ver a silhueta do que parecia ser um castelo, delineado pelas cores do céu. Meus olhos se fixaram nas estrelas em cima de mim. Parecia mais uma pintura de tão belo que eram. Milhares de estrelas, constelações coloridas brilhando no céu.

—Achei que a Dimensão das Estrelas estava fora de questão. —Falei, virando os olhos para Eris e ele abriu um sorriso.

—As terras bruxas não são seguras. Mas o continente sim, bruxos não são bem vindos aqui. —Ele acenou com a cabeça para o castelo desenhado no meio da noite. —Estamos em Del Mar, um dos cinco reinos da Dimensão das Estrelas.

—Eles também tem problemas com bruxas? —Indaguei e Eris balançou a cabeça para os lados, como se fosse mais ou menos isso.

—Problemas antigos com elas. Ah algumas leis que as proíbem de pisarem aqui hoje em dia. Poucos da raça conseguem autorização pra viver aqui. —Eris começou a andar, puxando eu e Aaron com ele. Olhei para trás, vendo Nico e Lorck nos seguindo em silêncio. —No período que morei das terras bruxas, conheci um deles. Mestiço, filho de uma bruxa com um humano.

Eris começou a contar, enquanto andávamos pela pequena rua. Era fácil notar a simplicidade da cidade. Mas as pessoas que andavam pela rua naquele horário pareciam felizes com a vida que tinham.

—Ele me disse que se quisesse um lugar para ficar longe de bruxas, era aqui no continente. Ele é aqui de Del Mar, então achei que seria bom ficar perto de algum conhecido. —Eris completou.

—Mas ele é um bruxo. —Nico murmurou atrás de nós.

—Mestiço. —Eris corrigiu. —É um bom rapaz. Trabalha para a família real. Agora vamos, já estamos chegando.

Seguimos Eris pelas ruas da cidade, vendo um pequeno movimento de pessoas naquele horário. Mas estava tudo calmo como queríamos que fosse. Eris nos levou até uma casa humilde perto de uma praça. Ele bateu na porta uma única vez e ela logo se abriu, revelando um Mackenzie sério.

—Vocês demoraram. —Reclamou e eu franzi a testa sem entender. Olhei para Aaron ao meu lado, vendo ele lançar um olhar de alerta a Mackenzie. Entrei na casa, vendo que era tudo bem simples e aconchegante. Haviam uma sala pequena com uma lareira. A cozinha ao lado, quente e com um cheiro delicioso que fez meu estômago roncar.

—Eu estava quase morto, caso não se lembre. —Nico foi o último a entrar, fechando a porta com tudo. —E precisamos nos limpar. Parecíamos um bando de animais cobertos de sangue e suor.

Olhei para a escada, ouvindo passos apressados e meu coração acelerou. Abri um sorriso para Amaris, vendo que ela também usava um belo vestido e estava com as asas escondidas. Bela com os olhos violetas chamativos. E Olívia logo atrás, com os cabelos vermelhos molhados e uma expressão neutra. Ela não costumava demonstrar qualquer sentimento.

—Holly. —Amaris parou na minha frente, parecendo mais ansiosa do que eu. —Ela está lá em cima, em um dos quartos. Está nervosa e apavorada. —Ela olhou para Olívia. —Ela acordou e perguntou de você algumas vezes. Não confia em nenhum de nós. Acho que só vai confiar quando ver você.

—Tudo bem. —Soltei o ar que nem sabia que estava segurando. —Eu vou até lá.

Olhei para Aaron, como um pedido silencioso que ele viesse comigo. Pelo menos até a porta do quarto. E assim ele fez, segurando minha mão e me conduzindo pelas escadas até o corredor do segundo andar. Amaris me indicou a porta do quarto que ela estava e eu senti minhas mãos suarem.

—Respire, amor. Respire. —Aaron sussurrou, próximo ao meu ouvido, me levando lentamente até a porta. —Estou aqui por você. Apenas respire, amor.

Cada passo dado era como se uma tonelada de pedras fossem colocadas nas minhas costas. Meu peito parecia doer com a possibilidade de tudo dar errado. Mas ela estava ali. Halley estava ali e eu iria vê-la. Então eu parei na frente da porta, com os dedos trêmulos indo até o trinco.

—Aaron? —Chamei, com meus olhos se enchendo de lágrimas.

—Estou aqui, amor. Respire e vá. Estarei aqui esperando. —Ele beijou meu ombro, dando um passo para trás. Passei a mão sobre a bochecha, sentindo ela já molhada. Então finalmente abri a porta do quarto.

O ambiente estava claro, com as portas da varanda abertas, revelando um jardim e o céu estrelado. Havia uma cama, um armário e uma penteadeira simples e bonita. Olhei para a varanda, vendo as cortinas balançarem com a brisa leve. E lá estava ela, sentada encolhida no chão, com os olhos fixos no céu estrelado.

—Halley? —Chamei, tão baixo que duvidei que ela ouviria. Mas quando seu rosto se voltou pra mim e eu encarei os olhos mais azuis, e belos que eu já tinha visto, algo se quebrou dentro de mim. As lágrimas inundaram meu rosto quando eu vi os olhos dela ficarem vermelhos pelo choro. Um misto de surpresa e dúvida passando nos seus olhos. Linda. Ela era definitivamente linda.

—Ho... Holly? —Ela se moveu e parou, como se estivesse vendo um fantasma. Soltei um sorriso bobo ao ouvir a voz dela e assenti, finalmente conseguindo me mover.

E quando ela se moveu também, se colocando de pé e tropeçando na minha direção, eu a agarrei e nós duas caímos de joelhos. Então eu a abracei, trazendo ela para o mais perto que conseguia, ouvindo seus soluços se misturarem com os meus. Ela se agarrou a mim, chorando alto, me apertando como se achasse que eu fosse sumir.

—Holly! —Eu a apertei, beijando sua testa e tudo que eu conseguia alcançar, enquanto suas mãos agarravam meus braços e ela afundava o rosto na curva do meu pescoço.

—Eu estou aqui... Halley, eu estou aqui! —Afirmei a abraçando e tendo certeza que não soltaria nunca mais. —Eu estou aqui!



Continua...

Reino de Sombras e Ascensão / Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora