Capítulo 40: A Assassina.

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Holly

Me escondi atrás de uma das pilastras, me esquivando e jogando minhas adagas em direção as bruxas que apareciam na minha frente. O encantamento de Eris estava funcionando perfeitamente bem, com minhas adagas voltando para mim assim que eram lançadas.

Nico estava do outro lado do pátio, escondido atrás de uma estátua de pedra que tinha o formato de uma Hidra. Ele atirava várias flechas em segundos, armando a besta com uma velocidade sem igual. A estátua impedia as bruxas de acerta-lo com sua magia das varinhas.

Eu podia ver, as faíscas verdes sendo lançadas por todos os lados e atingindo as paredes e Criaturas das Sombras que Mackenzie havia levado até lá. Nós estávamos protegidos pelo que quer que Eris tivesse nos mandado beber. Mas as criaturas eram transformadas em pedra assim que eram atingidas pela magia. Algumas criaturas ainda conseguiam escapar. Triturando e destroçando as bruxas negras que conseguiam capturar e matar.

Callum estava ao meu lado, utilizando uma espada e matando todas as bruxas que ousavam se aproximar demais de onde nós dois estávamos, enquanto Lorck fazia essa mesma defesa com Nico, perto da estátua. As espadas que eles usavam já estavam manchadas de sangue, assim como as adagas que eu atirava e assim como o chão em que pisávamos.

Agarrei o cabo da adaga quando ela apareceu na minha cinta de novo, respirando fundo e sentindo o cheiro de sangue invadir minhas narinas quando meus dedos sentiram a lâmina molhada com ele. Tirei os cabelos do rosto, fechando os olhos por um segundo antes de me virar e atirar a adaga de novo, vendo ela se cravar na testa de uma das bruxas.

Comecei a correr, tentando alcançar a grande escadaria que dava para as portas principais do castelo. As criaturas começaram a correr envolta de mim, me protegendo das bruxas que tentavam me alcançar. Lancei todas as adagas, atingindo as bruxas e tropeçando nos primeiros degraus da escada. Cai de joelhos quando um lobo negro pulou na minha frente, sendo atingido por uma das bruxas e se tornando pedra. Ele caiu sobre as escadas, se desmanchando em pedaços.

—Veio buscar sua irmãzinha, humana imunda? —Ouvi uma risada estridente e me coloquei de pé, encarando a bruxa que estava parada na minha frente com um sorriso no rosto.

—Sabe, eu não sentia tanta raiva de vocês antes. —Falei, sendo totalmente sincera. Ergui as mãos e limpei o suor da minha testa, sabendo que agora estava com sangue até no rosto. —Mas vocês mataram o Aaron e ainda tiveram a ousadia de prender minha irmã em uma torre. —Soltei uma risada fraca. —Eu vou acabar com cada uma de vocês. E a sua rainha vai ser a primeira.

—Vai ser adorável ver você tentar. —A bruxa exibiu uma expressão pretensiosa, que pareceu confusa quando meu sorriso se alargou mais ainda.

—Você está no meu caminho. —Afirmei e ela olhou para trás quando fui para o chão e me encolhi. Raya voo tão próxima do chão, que ele tremeu quando suas asas bateram. Eu ouvi o grito da bruxa, quando uma das patas de Raya a agarrou e então ela voltou para o alto, desviando do dragão irritado da rainha. Ergui a cabeça, a tempo de ver Olívia me lançar um sorriso de cima de Raya e voltar sua atenção para o outro dragão. Os dois se embolaram em garras e dentes pontudos e eu me perguntei como Olívia conseguia aguentar aquilo tudo sem despencar dos céus.

—Holly, corre! —Nico mandou, quando mais bruxas começaram a aparecer. Voltei a subir as escadas, pegando todas as adagas e as atirando por cima do meu ombro, para cara bruxa que tentava me impedir. Olhei de relance para Lorck, vendo ele ficar encurralado em uma das pilastras do castelo. Subi as escadas, atirando uma das minhas lâminas em um bruxo que estava prestes a atirar uma flecha em mim.

Assim que seu corpo caiu eu agarrei o arco e um punhado de flechas. Agora eu estava no topo da escada e tinha uma visão privilegiada de todo o pátio. Meu peito subia e descia com força, enquanto minha garganta ardia com a intensidade da respiração. O cheiro de sangue estava grudado no meu nariz e minhas mãos estavam manchadas de vermelho vivo, grudentas.

Eu nunca me incomodei com o cheiro de sangue ou com a cor. Sempre estive completamente acostumada a ver isso. Quando se mata tantas pessoas, acaba se acostumando com a mancha de sangue que fica para trás.

Ergui o arco, mesmo não sendo tão boa com um, e mirei a flecha em uma das bruxas que cercavam Lorck. Atirei a primeira, então mirei e atirei a segunda e depois outra. Quando lancei a quarta flecha e vi que tinha acertado duas bruxas, Lorck já estava controlando a situação de novo com a sua espada e com a ajuda das criaturas de Mackenzie.

Coloquei o arco e as flechas nas minhas costas e corri para dentro do castelo, sendo seguida pela silhueta de alguns Rastejadores. Esguios, magros, com presas e garras enormes. Mackenzie havia chamado eles quando fora me tirar de Andalor depois da morte de Aaron. Agora ele os convocava de novo e mesmo não estando presente, as criaturas atacavam todas as bruxas sem hesitar.

Parei de correr, ficando no centro de um grande salão. Haviam pilastras em formato de estátuas nas laterais do castelo. Bruxas e bruxos como reis e rainhas. Governadores absolutos. Fiquei escutando minha respiração rápida, e o barulho do sangue que pingava das minhas mãos. Lá fora, eu podia ouvir o caos que estava, com grunhidos e tremores, de todas as vezes que os dragões se chocavam.

Ergui a cabeça, encarando o trono de ossos que estava colocado sobre alguns degraus no final do salão, bem na minha frente. As bruxas nas laterais do salão estavam olhando pra mim, me encarando e me analisando como se eu fosse uma presa fácil demais, enquanto as criaturas envolta de me se esgueiravam como caçadoras prestes a conseguir uma última refeição.

Encarei os olhos daquela que se sentava no trono. Ela usava um belo vestido vermelho que combinava com o sangue que manchava o chão por onde eu e os Rastejadores passamos. A mesma cor impregnada nas lâminas das minhas adagas. E lá estava a bela coroa de ossos da rainha bruxa, sobre sua cabeça. Ela piscou, batucando os dedos no braço do trono. Seus olhos cintilavam pura maldade e repulsa.

—Vejam se não é a assassina do rei dos superiores. —A rainha cantarolou, usando um tom de voz provocativo e exibindo um sorriso repleto de veneno.

Ergui o queixo, abrindo meu melhor sorriso para ela.

—Assassina do rei dos superiores? Eu acho que não. —Deslizei meus dedos pelas lâminas manchadas de sangue, brincando com as adagas na minha mão. —Você pode se dirigir a mim como rainha de Andalor.




Continua...

Reino de Sombras e Ascensão / Vol. 2Where stories live. Discover now