Prólogo.

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Halley

Deslizei os pés descalços pelo chão frio de pedra. A saia já rasgada e suja do vestido corre por toda a imundície do chão. Olhei para o pequeno quadrado na parede, com grades. Algo que deveria ser uma janela. Mas eu a considero minha salvação. O único lugar que me permite ver a luz do dia.

Estou aqui a 2555 dias, 7 anos. Eu tinha apenas cinco quando as terras humanas foram atacadas e eu entregue para um comerciante qualquer. Eu fui parar no mundo inferior até uma criatura minúscula me tirar de lá.

Então eu cheguei aqui nessa dimensão. Os primeiros 6 anos foram livres. Dormindo em um quarto confortável e quentinho. Mas eu sabia que os seres que estavam em volta de mim não eram bons. E quando eu tinha idade suficiente, fui trazida para cá.

Uma torre no meio de um castelo repleto de bruxas negras. A outra coisa guardando essas terras também. De escamas negras e olhos vermelhos. Eu a vi apenas uma vez, voando pelos céus noturnos e cuspindo fogo.

Ouvi histórias sobre as dimensões e o mundo inferior. Sobre seres com poderes. Dons da natureza. Criaturas mágicas e dimensões onde as estrelas eram as rainhas.

Ajeitei o banquinho embaixo da janela e subi nele, agarrando as grades e ficando na ponta dos pés para poder ver melhor. Holly costumava escalar nossa casa para se deitar no telhado e ver as estrelas nas terras humanas. Mas nunca existam estrelas lá. O céu era completamente nublado o tempo todo.

Mas aqui eu as vejo todas as noites. E eu penso em Holly o tempo todo. Eu sei que ela está por aí me procurando. Já me contaram isso. Mas ela nunca vai me encontrar aqui nesse lugar.

Havia um garoto na cela ao lado. Um garoto de cabelos vermelhos e olhos negros. Seu nome era Atlas. Ele me fazia companhia todos os dias. Por algum motivo, ele ficou doente, eu não. Eu o vi definhar até morrer. E mesmo depois que ele se foi, seu corpo continuou na cela ao lado, como se eles quisessem que eu visse seu corpo apodrecer.

E eu vi. Ele era meu amigo... E eu o amava.

Agora eu estou sozinha. Completamente sozinha, ouvindo o vento sussurrar nessas paredes de pedra. Dizem que a escuridão se aproxima. Mas eles não sabem. Eu já vivo na escuridão. E as vezes, tenho quase certeza que ela está me olhando de volta.




Continua...

Reino de Sombras e Ascensão / Vol. 2Où les histoires vivent. Découvrez maintenant