Capítulo - 22

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Nunca gostei muito das palavras "tempo" e "devagar" quando me proponho a fazer algo ou quando quero alguma coisa

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Nunca gostei muito das palavras "tempo" e "devagar" quando me proponho a fazer algo ou quando quero alguma coisa. Primeiro que não sou relógio para dar tempo e segundo, que não sou tartaruga para caminhar a passos lentos.

No entanto, nessa última hora que estou com o Christian, percebi que são duas coisas que precisarei me acostumar, além de ter que aprender a lidar com o tempo e ir devagar com o meu temperamento ou acabarei o assustando e o afugentando sem que eu perceba. Mas ficou claro para mim também, que ele, assim como qualquer outra pessoa, tem um passado, só que o dele parece ser muito mais pesado, triste e traumático do que eu sequer possa imaginar.

Quando o conheci há 14 anos, apesar de eu ser muito nova, consigo me lembrar do quanto ele era um menino triste, mas hoje eu consigo perceber o quanto os seus olhos gritam por algo, como se pedissem por socorro para romper a barreira que ele insiste em querer conter sozinho.

Não faço ideia do que aconteceu com ele, assim como percebi que a Elisa, ao mencioná-lo, ficou triste, como se sentisse a dor do irmão, mas sem entendê-lo de fato. E agora posso imaginar o porquê disso, pois o que parece, ele é um livro trancado não apenas com uma simples chave, mas estando envolvido por grossas correntes e um grande cadeado que precisa de um segredo para conseguir abrir e libertá-lo.

A prova disso foi o exato momento que mencionei as suas cicatrizes, fazendo-o se fechar ainda mais em sua própria concha, como se eu tivesse o insultado ou tocado em algo que realmente o machucasse apenas por se lembrar da existência delas. Só que eu não menti quando disse que elas não me incomodam e isso parece ser difícil para que ele possa entender, justamente por não aceitá-las.

Não consigo explicar o que está acontecendo comigo, ainda mais por saber que eu possa estar indo rápido demais, pois até ontem, eu acreditava que ele estivesse noivo e prestes a se casar com a Jararacuçu de saia, e agora, estou aqui, nos braços do homem que faltou dizer com todas as letras que eu era uma "sequestradora de Sapos indefesos que foram drogados".

Mas eu não estava brincando quando disse que sou uma mulher muito bem resolvida, além de determinada, que não hesito em ir atrás do que quero ou nesse caso, de quem eu quero. O que me fez perceber também que toda a frieza, apatia e indiferença que ele parece fazer questão de demonstrar ter, é uma forma de mascarar a sua timidez, os seus medos e a sua insegurança.

Posso estar sendo prepotente ao afirmar isso, por conhecê-lo há praticamente "5 minutos", mas eu não sei explicar, só sei que eu consigo entendê-lo, compreendê-lo e sentir o que ele tanto quer ocultar. E é justamente por essa razão, por ver em seus olhos, por sentir as batidas aceleradas do seu coração que eu soube que ele não veio apenas se desculpar, por ter sido rude ao me acusar de algo que eu não fiz.

Ele veio por querer entender a confusão que me disse sentir quando está comigo. Por querer descobrir o porquê de sentir que pode confiar em mim, mesmo que ainda não esteja disposto ou pronto para se abrir e quem sabe vir a permitir que as travas autoimpostas sejam quebradas, libertando-o do quê o mantém preso dentro dele mesmo.

O Preço da VerdadeWhere stories live. Discover now