Christian Grey é um homem atormentado por seu passado e que carrega a culpa pela morte de seus pais. Tendo apenas 28 anos, já acumulou uma fortuna imensurável, com seus vários negócios, no qual se dedica totalmente, pois dinheiro nunca é demais.
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Las Vegas, Nevada - Julho/2003.
Pessoas bem vestidas, bêbadas e sorridentes. Muitas luzes, hotéis temáticos com atrações sofisticadas e um belíssimo show da fonte sincronizada em frente ao Bellagio Hotel & Casino, além de muita riqueza para todos os lugares que se olha. É justamente isso que estou vendo nesse momento, depois de ter passado quase uma hora dentro de um ônibus para chegar a The Strip, a principal Avenida de Las Vegas.
Seria perfeito para quem quer aproveitar a noite na Cidade do Pecado, principalmente se não tivesse apenas 16 anos e estivesse procurando o seu genitor, pois eu me recuso a chamar aquele homem de pai. Pensar nisso me aperta o coração na mesma medida que a raiva tenta me consumir, sendo que John Davis, o homem que deveria cuidar dos seus filhos e protegê-los, está nesse momento gastando todo o dinheiro que recebeu do seu salário com jogos em um Casino, o que seria um eufemismo dizer que isso acontece todos os meses.
Não vou negar que eu esteja cansado disso e se não fosse por minha irmã, eu já teria saído daquela casa há muito tempo, mas infelizmente eu não posso, pois eu jamais abandonaria a minha Fadinha com aquele inútil. E, é justamente por ela, a minha princesinha que tem apenas quatro anos, que estou mais uma vez na porta do Golden Palace, um dos maiores e mais importantes Casino Hotel de Vegas, para tentar levar aquele... Aquele bêbado imprestável, para casa.
- Você aqui de novo, rapaz? - Riley, um dos Seguranças, que está na entrada hoje, olha-me com pena, pois ele conhece a minha história e a vergonha que sempre passo vindo aqui.
- Olá, Riley. - Cumprimento-o envergonhado, mas respiro fundo e vou direto ao ponto, pois quero voltar logo para casa. - O Owen me ligou para buscar o John.
- Você sabe que eu não poderia te deixar entrar, não é? - Eu confirmo com a cabeça ciente desse fato e ele suspira, pegando o seu rádio. - Mas como essa é uma situação extrema, pode subir, seu pai está na Administração com o Gerente. Irei avisar ao Owen para te encontrar na entrada.
- Obrigado, Riley.
Ele assente e respirando fundo, eu entro mais uma vez nesse lugar, sendo alvo de olhares julgadores e outros especulativos, sobre o que um adolescente, vestido com roupas simples e velhas e os tênis, encardidos e gastos, deve estar fazendo em um estabelecimento tão luxuoso quanto o Golden Palace?
Nego com a cabeça e dou uma risada amargurada, pois se essas mesmas pessoas, que estão me julgando agora, olhando-me com nojo, imaginassem que minhas roupas simples foram compradas com o pouco dinheiro que eu ganho na Mercearia, próxima a minha casa, e que esse mesmo dinheiro é o que mantém minha irmã e eu, para não passarmos fome, eles se preocupariam em cuidar da "vidinha" medíocre deles e parariam de me encarar como estão fazendo agora, enquanto entro no elevador.
Encosto-me a parede fria dessa caixa metálica e mais uma vez respiro fundo e me pego a pensar que a nossa vida nem sempre foi assim. Nunca tivemos luxos, roupas caras ou esbanjamos o que não poderíamos ter e mesmo que o John sempre tenha sido um pai que não demonstrasse tanto afeto, ele pelo menos era mais responsável com suas obrigações dentro de casa.
