Jean

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Um dia havia se passado desde que vitória saiu da minha vida.
Eu não comi direito, eu não trabalhei direito e também quando fiquei em casa me isolei no quarto.

Pra piorar a minha situação os documentos que eu tinha providenciado pra vitória já tinham chego, e olhando aqui pra eles, nunca tinha visto alguém ficar tão linda em foto 3x4.

Minha mãe tentava falar comigo a todo momento, tocando no assunto, querendo arrumar uma justificativa pra tudo que na verdade não tinha justificativa.

Nos poucos momentos em que saia do quarto eu passava em frente ao quarto de vitória e não entrava, isso não era um luto, ela não estava morta, mais é como se nunca tivesse existido e nada naquele cômodo fizesse sentido.

As vezes eu penso que lá no fundo eu sabia que não daria certo com vitória. Ela era bem mais nova que eu, mais em contra partida eu nunca tinha tido um relacionamento sério como ela, se é que algum dia aquilo foi um relacionamento. Eramos extremos opostos, estava fadado ao fracasso.

************

Três dias depois que vitória foi embora eu estava no escritório, trabalhando, já passava das dez da noite e eu estava planejando uma nova viagem pro exterior, quando o telefone tocou.

- alô? - do outro lado uma voz de criança.

- com quem você gostaria de falar? - respondi.

- porque você deixou ela voltar moço? - era quem eu pensava que era?

- Alicia? - era a irmã de augusto.

- você deixou ela voltar e ela está sofrendo de novo.

Eu senti que todo o meu estômago subiu pra boca.
Senti meu coração disparar.
Porque isso agora?

- ela escolheu voltar.

- Alicia, você viu meu celular? - a voz do filho da puta estava ecoando dentro da minha cabeça, como se estivesse do meu lado. Desliguei o telefone com força e arranquei da tomada.
Inferno.
Eu queria paz.
Calma.
Eu estava bem.
Estava melhorando.
Não ia pensar mais nisso, não ia pensar mais nela.

Ouvi um barulho na cozinha, enquanto tentava manter minha sanidade e fui de encontro.
Minha mãe estava tomando um copo com água.

- você está melhor? - perguntou

- vou ficar.

Olhando pra mim ela despejou de uma vez, antes que eu pudesse fugir do assunto

- amanhã eu vou abrir o quarto pra limpar, eu estou evitando isso não sei porque, de quando ela foi embora eu não quero entrar lá, tenho a impressão de que a verei deitada e machucada como da primeira vez.

- você não precisa fazer isso, peça a outra pessoa.

- não, eu faço questão.

Me aproximei e beijei o topo de sua cabeça.

- precisamos aceitar que acabou, se isso for uma espécie de ciclo que você precisa fechar, então faça mãe, mude a decoração, mude os móveis de lugar, só não sofra, eu sei o quanto você está sofrendo, ela ganhou seu coração no primeiro dia, mas agora ela foi embora e não vai voltar.

Minha mãe assentiu e saiu da cozinha me deixando ainda com os pensamentos em fúria.
Porque essa menina me ligou?
Vitória estava sofrendo?
Não era isso que ela queria? Voltar?
Nada fazia sentido.

***************

No dia seguinte enquanto trabalhava no armazém na cidade, por volta de 10 da manhã meu celular toca, era de casa.

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