Vitória

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Agora eu entendi o porquê de todo aquele show na cachoeira, Jean estava preocupado comigo.
E ele tinha razão.
O meu pior pesadelo estava a um passo de acontecer.

Eu estava apoiada na porta quando os braços de Jean me cercaram.

- filho deita ela no sofá, eu vou pegar um copo com água.

Jean me deitou no sofá e bia veio logo atrás.

- precisam que eu faça alguma coisa?

- não bia, vai descansar, eu e minha mãe vamos cuidar de Vitória.

Bia não queria ir, mas foi, ela tinha se tornado uma companheira e tanto pra mim e eu via a sua preocupação também.
Jean ficou agachado do meu lado com a mão na minha, eu não tinha nenhum tipo de reação.
Gusto procurava por mim.
Como ele me descobriu?
O que eu fiz de errado pra ser descoberta?

- como Jean? - eu perguntava ainda chocada.

- eu precisei ir na delegacia registrar um B.O. que não vem ao caso agora e vi um panfleto com uma foto sua, uma foto de você novinha.

- a foto da minha identidade...

- tinha seu nome, o nome dele e um telefone caso alguém te achasse.

- e como esse panfleto veio parar aqui se eu vim pra outro estado?

- então disseram que no dia da sua fuga você foi vista subindo em um caminhão dos mesmo que transportam grãos aqui na região.

- foi o amigo do Gusto, eu lembro, mais pensei que ele não tivesse me visto.

- eu não quero que você corra riscos por isso eu pedi que viesse pra casa. Se quiser podemos dar um jeito, pra que sua filha e sua mãe também não corra riscos.

Em algum momento ele se perdeu na história.

- eu não tenho mãe e nem filhos.

- eu desconfiei que nao. Você quer me contar a história?

Nesse momento Amélia chegou com um copo de água doce e sentou pra ouvir a história também.
Enquanto eu contava tudo não contive as lágrimas, contei todos os detalhes desde a perda dos meus pais até o dia em que fui amparada pelos braços de João aqui na fazenda.

A revolta e indignação eram nítidas nas feições de Jean e Amélia.
Jean trincava o maxilar, fechava os punhos, ele ficou extremamente nervoso com a história toda.

Fazia um mês que eu estava aqui e se não fosse por isso talvez eu nunca contasse a história toda pra eles. Mas depois de tudo que fizeram por mim e o modo como eles agiram quando descobriram que Gusto me procurava me fez perceber que ali naquela fazenda eu tinha achado uma família.

- mãe, quero que suba e descanse, vitória também vai fazer isso, mas antes quero falar com ela.

Quando Amélia subiu jean olhou por muito tempo minha mão na dele, eu já estava ficando aflita.

- eu sei que parece idiota essa pergunta, mas você quer voltar pela vera e por alicia?

- eu queria ajudar pra que fossem livres do monstro que ele é, mas não quero voltar a vê-lo.

- eu quero você.

Isso saiu de sua boca como se por impulso enquanto ele olhava ainda para as minhas mãos.
Seus olhos subiram e ficamos nos olhando. O ar estava me faltando, os olhos de Jean demonstravam afeto, cuidado.

- eu não entendi. - ou não queria entender.

- quero que fique comigo, com a minha família, eu posso resolver a questão das duas sem te envolver.

- você faria isso por mim?

Ele suspira e ri.

- eu descobri recentemente que faria o que fosse preciso por você.

Seus olhos desceram para minha boca.
Suas mãos apertaram as minhas.
Minha respiração que já não estava certa pelas emoções dos últimos minutos ficou mais pesada, eu não conseguia não olhar pra boca dele também.

- eu não queria me aproveitar do seu momento de fragilidade, mas eu queria muito te beijar.

O meu medo por toque e contato com homens sempre esteve ali desde os 17 anos quando conheci Gusto e senti tudo o que os homens podiam fazer.
Jean no começo me apavorava pela grosseria, pela indiferença, mas sempre vi como ele tratava a mãe. Ouvi dizer uma vez que você descobriria se seria bem tratada ou não pelo homem, descobrindo como ele tratava a mãe, e eu nunca vi tanto amor como vi dentro daquela fazenda.

- não é tirar proveito quando a pessoa também quer. - consegui dizer, mesmo ainda sentindo medo e percebendo que eu nunca tinha sido tão ousada assim.

Suas mãos vieram pra minha nuca enquanto ele me olhava por inteiro como se quisesse memorizar esse momento.
Meus cabelos estavam úmidos por causa da cachoeira e então ele chegou perto deles e inspirou.

- a combinação perfeita pra mim: seu cheiro e o cheiro da natureza.

Meus pelos da nuca arrepiaram e minhas mãos foram até a altura do seu abdômen e ficaram ali brincando com o botão da sua camisa.
Ele colou as nossas bocas entre sussurros e respirações e me beijou delicadamente.
Sua lingua pediu passagem pra dentro da minha boca e eu deixei, no exato momento em que nossas línguas se encostaram ele aprofundou o beijo que ficou mais quente, uma sensação nunca sentida por mim em nenhuma das vezes em que fui tocada.
Ele me surpreendeu me pegando pela cintura e me colocando no seu colo, de lado, me senti leve como se eu fosse uma pena.

Eu não era leve, não mais, mas Jean era muito grande, muito forte.
Suas mãos percorriam minhas costas quase nuas coberta apenas pelo biquíni, enquanto que minhas mãos subiram pelos seus braços e foram pro seu cabelo, que eu soltei do lacinho e enfiei meus dedos pelo meio. Jean gemeu na minha boca, um gemido grosso, rouco, de satisfação

Ele gostava de ser tocado nos cabelos.

Eu afastei meu rosto pra poder olhar pra ele. Seus cabelos ondulados bagunçados, a barba bem desenhada no queixo quadrado, a boca vermelha pelos beijos, os olhos intensos de cílios volumosos e a sombrancelha que estava unida como se quisesse entender o porquê de estar o encarando.

- você é lindo!

- você é perfeita.

Eu garrei seus cabelos de novo e continuei o beijando. Ele desceu as mãos das minhas costas pra minha cintura e me apertava ali. Suas mãos eram grandes e seu aperto era forte, o meu corpo estava entrando em combustão, parecia que a qualquer momento eu ia explodir com o tanto de sensações que seu beijo estava me provocando.

Quando suas mãos desceram pra minha bunda mesmo gostando da sensação eu dei um leve pulo, e ele percebeu.

- foi demais, eu sei, me desculpe.

- me desculpe por não ser uma mulher desinibida, eu ainda não consigo...

- eu sei, não se preocupe, nossa hora vai chegar. Se quiser subir, descansar, pode subir, te vejo no jantar.

Eu desci do seu colo e subi as escadas pro meu quarto, no fim da escada dei uma olhada pra baixo e jean me olhava sorrindo, me mandou um beijo e piscou pra mim.
Eu me senti uma adolescente que estava tendo seu primeiro namoradinho, mesmo não sabendo ao certo o que estava acontecendo com a gente, eu sabia que ele me manteria por perto.

Mesmo diante das últimas notícias eu sabia que eles me consideravam da família porque demonstravam isso todos os dias desde que cheguei aqui.
Quando cheguei no meu quarto ainda pensando em família me lembrei de vera e Alicia, queria poder falar com elas, saber se estão bem, eu devia isso a elas, eu sabia que elas precisavam de mim.

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Nos próximos capítulos vai dar uma esquentadinha 🔥🔥🔥

Eu se fosse vitória ia viver a vida, e esquecer daquelas duas.
Podem me chamar de cruel e egoísta, mais é melhor deixar elas lá.

Abrigo SeguroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora