07- Vitória

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Quando saio do banheiro dou de cara com dona Amélia.

-bom dia mocinha, vejo que acordou melhor.

- bom dia Amélia, bem melhor graças a senhora, obrigado.

- imagina, seus cabelos são lindos, eu amo cachos.

- ah, obrigado.

- sempre achei tao lindo, mais o meu veio liso escorrido e o de Jean ondulado, acho lindo os cabelos dele também, tomara que quando eu tiver netos, e eu vou ter, ele tenha pelo.menoa as ondas de Jean.

- a senhora não tem marido?

Ela me olha e tenta procurar as palavras.
Nossa Vitória como você é curiosa minha filha, da sua vida você não fala nada mais quer saber da vida dos outros.

- desculpa, não é da minha conta, eu só estava puxando assunto.

- não tudo bem, eu não me importo. Nosso Joaquim morreu tem 2 anos.

- eu sinto muito.

Nós trocamos olhares de pesar, e como estávamos sentadas uma do lado da outra eu peguei em sua mão e apertei,  eu sei o que é perder alguém a quem se ama eu também tinha perdido minha avó a quatro anos.

Sentei na cama e começamos a conversar, dona Amélia era muito gente boa, falava do filho com amor, disse que era bem ativa nas atividades da igreja que frequentava.

Conversando com ela descobri que a cidade de São Tomé dos anjos tinha poucos habitantes, que a fazenda era a poucos minutos da cidade.
Na fazenda tinha animais como galinhas, porcos e cavalos, eles também cultivam soja e milho, e eles ainda tinham um armazém na cidade e transportavam a soja e milho até pro exterior.

- será que você consegue andar um pouco lá fora no quintal menina?

- olha eu acredito que sim, estou melhor do que aparenta.

- eu trouxe um vestido pra você, ele é um antigo vestido meu, acho que ficará bom em você.

Enquanto ainda conversávamos eu me troquei no banheiro, o vestido ficou lindo, era amarelinho, bem acinturado na altura dos joelhos, tinha um decote redondo e mangas bufantes e curtas, era bem retro, eu nunca tinha usava algo tão lindo.

- ficou lindo em você.

- ficou? Eu nunca tinha usado um vestido assim tão bonito.

Amélia ficou me olhando

- queria tanto saber algo sobre você mocinha, não vou te prejudicar em nada, seremos só eu e você.

Eu não tinha medo que ela me pudesse fazer algum mal, mais tinha medo que seu filho fizesse, ele demonstrou logo de cara que não estava contente comigo ali e que queria saber informações de mim pra me despachar pra de onde eu vim.

- meu nome é vitória.

- nome bonito vitória, quer me contar mais alguma coisa? - ela colocou a mão sobre a minha e fomos caminhar pela casa.

A casa tinha muitos cômodos e todos eram enormes, fomos andando e conversando sobre vários assuntos porque ela percebeu que não arrancaria muitas informações de mim, mais conforme fomos conversando eu fui me sentindo segura pra contar mais alguma coisa pra ela.

Quando estávamos andando perto do estábulo onde os cavalos ficavam eu disse mais um detalhe.

- eu não sou daqui.

- sim eu sei, se fosse nós saberiamos, conhecemos a cidade toda praticamente. De qual cidade você é?

- eu não sou desse estado.

- certo, você veio com alguém?

- não, eu vim sozinha.

Nesse momento escuto um relinchar de cavalo vindo do estábulo.

- meu filho deve estar tratando dos cavalos, quer ver?

- eu adoraria.

Quando entramos no estábulo o mesmo homem que entrou no quarto na noite anterior e pela manhã estava lá.
Vestido num jeans justo, botas, uma camisa xadrez azul e um coque na cabeça com alguns fios soltos.
Quando se virou pra nós duas alguns botões da sua camisa estavam abertos mostrando uns poucos pelos e um torço forte.

Ele tinha o olhar duro, como Gusto, mais a aparência, nada tinha a ver com o Gusto.
Ele era um homem alto e bem magro, tinha os cabelos sempre raspados , uma barba rala e o resto? O resto vocês já sabem, me apavorava, assim era Gusto.

Eu olhava pra esse homem e meu corpo esquentava.
Deve ser o medo misturado ao trauma que sofri recentemente.

- está andando? Pensei que fosse demorar muito mais pra sair da cama.

- vitória é uma moça muito forte meu filho, eu já percebi.

- ah então o nome dela é vitória? O que mais a senhora sabe mamãe?

- é só isso que precisamos saber filho.

- eu preciso de muito mais que isso mamãe, já pensou que no estado em que ela chegou e por não querer falar nada, ela possa ser, sei lá... Uma foragida da polícia?

- eu não sou uma criminosa senhor.

- então porque chegou aqui assustada e machucada menina?

- eu não sou uma menina.

- meu filho, vitória tem 21 anos.

- então mamãe, já deve saber muitas coisas sobre ela pelo visto, pra mim ela é uma menina, que nada sabe da vida.

Ah se ele soubesse o tanto de coisa que eu já passei nessa vida mesmo tendo pouca idade.

Me virei pra Amelia que olhava feio pro filho.

- Amélia, eu vou embora o quanto antes possível, não quero ser um estorvo ou motivo de brigas entre vocês.

- você pode ir sim, quando estiver cem por cento recuperada. Não vou deixa- lá sair daqui porque está se sentindo acuada pelo meu filho sem educação.

Ela olha feio na direção dele que me olha de cima a baixo.

- eu estou na minha casa mamãe, você nao sabe nada dessa mulher, não a defenda.

Eu me viro de costas e saio. Entro pra dentro da casa meio perdida, não sei nem onde fica o  quarto em que estava, mais eu acho um lugar com uma mesa e muitos livros e decido ficar por ali, fechando a porta.

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Que homem chato valha-me Deus.
No próximo capítulo vamos entrar na mente do nosso Jean, que você não deve estar gostando agora, mas depois... 🥵

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