02 - Vitória

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Era uma manhã de quarta feira quando eu acordei pra trabalhar e percebi a cama vazia. Fiz minha higiene matinal e me arrumei.

Eu trabalhava de segunda, quarta e sexta, as vezes era chamada de fim de semana também quando tinha muito movimento e o lugar sujava demais, mas isso era bem raro de acontecer.

Fui tomar meu café da manhã e dona Vera já estava de pé e já tinha passado um café bem forte que eu adorava quando ela fazia.

- bom dia sogra. Sabe me dizer se o Gusto saiu cedo?

- bom dia! não minha filha ele não dormiu em casa de novo. - ela diz decepcionada como tantas vezes eu já percebi.

Isso já estava acontecendo a algum tempo. Quando aconteceu da primeira vez eu não liguei muito porque naquele dia eu não apanhei e nem fui xingada, depois de muito tempo aconteceu de novo e hoje em dia pelo menos uma vez na semana ele dorme fora. Apesar de ser os únicos dia em que temos paz nessa casa, eu já questionei do porque e ele diz que precisa ficar no trabalho cobrindo o turno de alguém.

A curiosidade de saber o que ele faz é grande mas quando perguntado ele começa a ficar nervoso e aí a merda acontece. Ele diz que não é da minha conta, diz que eu não preciso saber, que eu só preciso trabalhar pra ajudar ele pôr dinheiro em casa e ponto.

Depois de tomar meu café eu vou pra lanchonete as 7:00 da manhã .
A lanchonete abre as 10 da manhã então tudo precisa estar limpo e em ordem as 10 pelo menos na cozinha e o salão e no restante do estabelecimento como banheiros, parquinho e estacionamento eu limpo no decorrer do dia até às 17 da tarde.

Meu horário de almoço é as 12:00 e quando eu saio pra almoçar seu Maurício o dono da lanchonete me chama.

- seu marido veio aqui agora pouco enquanto você limpava a dispensa.

Eu olhei pra fora pela grande porta de vidro e o vi em cima de uma moto fazendo graça, em cima de uma moto que não era dele porque não tínhamos nenhum automóvel. Então de quem era?

- Vitória, gosto muito de você e do seu serviço mais seu marido é muito perturbado, sempre que vem aqui ele espanta algum cliente, perguntando o que a pessoa está olhando, ou fala que não come aqui porque o lanche é ruim, por isso ele está lá fora, porque eu disse pra sair e te esperar lá.

- me desculpe por isso seu Maurício eu prometo que vou conversar com ele pra não fazer mais isso.

Respiro fundo, pego minha bolsa com a minha marmita e vou em direção a ele no estacionamento. Quando estou chegando ele desencosta da moto e me mostra ela como se estivesse numa exposição.
Ele não fez isso fez?
Comprou a porcaria de uma moto sem me perguntar nada? Ah, mais do que eu estou reclamando? Ele trabalha a mais de um ano num emprego que eu não faço ideia do que seja, então se ele não sente que pode me dar satisfação disso ou do porque dorme fora as vezes, porque ele me daria satisfação sobre uma moto no meio de um estacionamento?

Quando ele percebe a minha cara nada animada sobre o que provavelmente o deixa animado, sua feição muda de animado pra animal. Me olha por baixo e com raiva. E eu só continuo caminhando em direção a ele torcendo pra que ele não cause uma cena na frente do meu local de trabalho.

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O homem pelo visto percebeu que ela não gostou do que viu. Sinto em informar que a reação não é nada boa.

Vitória tem muito o que sofrer amores, infelizmente.

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