- eu não te amo.  - voltou a dizer.

- não era o que os seus olhos me diziam, não era o que o seu corpo me diz todas as vezes que toco nele. Pelo menos olhe pra mim enquanto diz que não me ama.

- não consigo.

Me aproximei a tocando novamente.

- olhe pra mim vitória.- pedi.

Seus olhos pararam em mim por um instante. A única mulher que eu quis em toda a minha vida, não me queria mais.

- eu não te amo e vou embora.

- porque?...porque...eu ...o que foi que eu fiz?

- eu preciso ir.

- PRA ONDE VOCE VAI VITORIA? PELO AMOR DE DEUS,VOCE NAO ESTA RACIOCINANDO DIREITO.

- EU VOU EMBORA DE ONDE NUNCA DEVERIA TER SAIDO.

Mais porque isso agora?
Depois de tudo?

- eu sou incapaz de acreditar que você, a mulher mais inteligente que eu já conheci na vida, uma menina nova e tão vivida ...eu ...eu sou incapaz de acreditar que você tenha essa dependencia emocional naquele filho da puta

Vitória pegou sua mala e foi descendo escada abaixo.
Eu indo atrás.
Não tinha mais argumentos,achava que tudo isso era auto explicativo.

- não me siga Jean.

- eu vou te levar onde você quiser ir, já que é isso que você quer.

-nao , ninguém vai me levar a lugar algum, eu sou capaz de me virar sozinha.

- eu vou te ajudar a fazer o que você quiser até ser capaz de perceber a loucura que você está fazendo.

- não, isso não é loucura. Eu estou deixando você e sua família porque eu respeito o que fizeram por mim e entenda, é necessário. Me deram, casa, comida, aprendizado e eu sou grata. Você não é nada meu,você nem me conhece direito, me deixe ir. Você não sabe o quanto isso é melhor pra todos.

Saindo da casa vitória rumou pro meio do mato, eu queria correr atrás. Eu queria arrasta-la de volta pra casa, mais eu não era assim, eu não a forçaria a ficar num ambiente que ela não quisesse, mesmo que eu saiba que algo nessa conta não bate.

Eu não vi exatamente onde vitória foi.
Porque nesse momento João me abordou.

- senhor eu estava na cidade e um homem perguntou pelo senhor por lá. Ele não é conhecido nessas bandas, será que pode ser ele?

Meus sonhos se arregalaram.
Era isso.
Vitória não sabia mentir.

- vitória foi embora.

Nesse momento, do lado oposto ao que vitória veio, Gumercindo, outro capanga veio cavalgando.

- senhor, do outro lado da fazenda, tinha um carro muito suspeito, todo aberto, com a chave na ignição,como se estivesse abandonado, ou pronto pra sair com pressa.

Eu estava assustado.
Como esse homem invadiu a minha fazenda sem que ninguém soubesse?
Como ele sabia que vitória estava aqui?
Como ele conseguiu condições de vir até aqui.?

- Jean? O que está acontecendo?

A voz da minha mãe soou atrás de mim.
Quando a olhei com uma cesta de frutas na mão, eu desabei.
Chorei, a abracei e fiquei ali enquanto ela delegava.

- peguem todos os homens da fazenda e todos os cavalos, descubram o que está acontecendo, não deixem que nada suspeito saia dessa fazenda.

O meu peito doía, minhas pernas tremiam tanto. A última vez em que eu fiquei assim, foi quando meu pai morreu. Mais uma vez alguém importante na minha vida estava partindo e mais uma vez eu não podia fazer nada.

- ela foi embora mãe. Não me disse nada, apenas foi embora.

- isso não pode ser, a nossa vitória não faria isso.

- ela não é nossa mãe, ela disse que não me amava, ela nunca foi minha.

Abraçada comigo minha mãe me amparou, calada, até demais pra dona Amélia que sempre tinha algo a dizer.

Os capangas voltaram dizendo que o carro não estava mais lá.
Eu queria poder chamar a polícia.
Ligar pro advogado.
Ir atrás dela.

Para a polícia ela era uma desaparecida que até então ninguém sabia que ela estava aqui, eu falhei em não ter aliados.
Para o advogado, ele alegaria que ela foi por vontade própria e como não teve um exame de corpo de delito pra comprovar a violência doméstica, tudo ficaria oi isso mesmo droga! eu falhei nisso também.
Ir atrás dela, seria como dar um tiro no escuro.
O interior de São Paulo era tão grande quanto o interior de Goiás.
Era como procurar agulha no palheiro.
E como ir atrás de alguém que não quer ser encontrado?

Eu a perdi
Perdi o amor da minha vida.

Minha mãe me tirou dos meus devaneios.

- onde você estava quando vitória foi embora?

- eu estava chegando do armazém e a vi correndo.

- ela levou alguma coisa?

- as roupas dela.

Fiquei olhando pra minha mãe, curioso.

- Jean, vitória quando apanhava foi embora com a roupa do corpo, porque agora ela se preocuparia em pegar as roupas?

- não sei.

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Tá chegando o fim da nossa história e eu não estou preparada pra acabar.

Tenho percebido uma revolta muito grande de vocês com relação a história.

Gente, vitória tem 21 anos, sabe pouco da vida e sempre confiou demais nas pessoas, acho que a postura dela nos últimos capítulos é auto explicativa né?

Mais calma, aconteceram coisas que ficaram ocultas aos olhos de vocês, mais vocês vão entender nos próximos capítulos.

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