30 - Serkan

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Desde que Selin morreu, durmo pouco.

Não é que eu seja assombrado por sua ausência, mas sim porque ela deixou uma bagunça para trás quando se foi, e meu corpo ainda está acostumado à rotina interminável de ter que corrigir os estragos do passado. Não consigo dormir até tarde. Descanso soa como algo estranho.

Isso não me incomoda, de qualquer forma.

Quanto mais tempo acordado, mais produtivo eu sou. Foi assim que o Cosmos cresceu tão rápido e a fazenda se reergueu, assumindo um espaço de destaque na região. Além disso, gosto de cavalgar bem cedo e, se o clima não estiver bom para isso, fico lendo alguns artigos atrás de novas tecnologias para inserir no tratamento dos animais e na minha propriedade.

Hoje, entretanto, senti vontade de voltar para a cama assim que levantei. Não quero encarar minha mãe e a decepção estampada no rosto dela, mas não foi só por causa disso que odiei começar o dia.

A maior razão é Eda.

Acordar com ela em meus braços, seu calor tão perto e suas curvas macias sob as minhas mãos... é poderoso demais. Viciante e tentador. Quis retornar para o seu lado assim que levantei da cama.

Não pude me dar ao luxo de fazer isso, então, fui embora antes que mudasse de ideia. Se eu começar a me dobrar ainda mais em torno do meu desejo por ela e Eda perceber o quanto me afeta, não sairei dessa intacto.

Preciso agir com cautela, o que não está vindo naturalmente para mim. Ontem, surtei em meu escritório. Com ciúmes! Agora, não consigo negar que a quero, não depois de ter dobrado seu corpo quente em minha mesa e feito tudo o que mais ansiei nas últimas três semanas. Ainda sinto a memória vívida de sua buceta ordenhando meu pau, me estragando para qualquer outra. Nunca gozei tanto.

Essa mulher está acabando comigo.

Hoje mais cedo, corri para arrumar os problemas nas bombas d'água, que amanheceram vazias, porque queria acabar logo com isso e voltar para Eda. Fiz o serviço porcamente e minha pressa estragou um dos canos e me deixou todo molhado. Como resultado, meus funcionários tiveram uma boa dose de divertimento e fiquei ocupado por horas. Agora, ainda úmido, subo as escadas para o meu quarto.

Cada passo me deixa mais aliviado e excitado do que o anterior.

No entanto, isso evapora quando vejo Eda em minha cama, enrolada em uma toalha e parecendo desconsolável.

— Amor? — chamo, me aproximando.

Caminhando rápido e com a preocupação disparada, me ajoelho ao lado dela. Fico com meu rosto de frente para o de Eda e agarro sua mão pequena na minha.

— Você está molhado ou é impressão minha? — ela pergunta, me encarando com olhos vermelhos. Eda esteve chorando? Por quê?

Talvez ela tenha acordado resfriada. Estudo a mulher com atenção e, quando percebo que estou encostando minha camisa molhada nela, me afasto. Não quero deixá-la com frio... merda, se ela estiver gripada, onde deixo meus remédios? Enquanto penso nas minhas opções, desabotoo a peça de roupa e a tiro, ficando só de calça. Jogo o tecido úmido no chão e volto-me para Eda, me segurando para não a abraçar e exigir respostas. Mas...

Encontro os olhos dela em meu peito, e meus músculos se contraem involuntariamente.

Merda.

Tesão é algo insensível para caralho. Meu pau — que ainda lembra de acordar aninhado contra a bunda gostosa dela — e meus sentimentos não estão em sintonia, não quando essa mulher está de toalha em minha cama, fitando meu corpo com os olhos semicerrados e ligeiramente turvados com desejo. Hesito, mas é impossível parar porque sei que ela não quer que eu pare. Apoio minha mão na cama, meus dedos tocando seu antebraço. Sem conseguir me parar, faço um carinho lento em sua pele.

Sem Honra | EdserWhere stories live. Discover now