7 - Serkan

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Sua família me odeia - Selin sussurra, me envolvendo com seus braços finos. Seu cheiro é reconfortante, doce e familiar.

- Eles te odeiam mesmo - replico, sorrindo.

Ela grunhe e posso imaginar seus olhos se revirando.

- Você sabe me tranquilizar como ninguém. - Suspira, e o som, tão triste, me incomoda.

Aperto os lábios e puxo seu corpo pequeno e delicado contra o meu, com mais força. Se eu pudesse, apagaria todas as preocupações dela. Selin já tem problemas demais. Não posso consertar todos, mesmo que eu esteja tentando fazer isso há muitos e muitos anos. Pego sua mão, frágil e quase translúcida. Minha garganta se aperta ao ver o anel de noivado em seu dedo. Meu anel.

- Eles são teimosos. - Sinto um músculo em minha bochecha se contrair involuntariamente. - Te conhecem desde sempre e amam você. Só estão...

- Preocupados?

- ... sendo irritantes - replico, fazendo-a rir.

Olho para o seu rosto magro e pálido. Um sorriso curva seus lábios.

- Será que eles estão certos em se preocupar, Serkan? - Sua voz é incerta, no entanto.

- Não estão - declaro, forçando convicção em cada palavra. - Eles vão voltar ao normal, fazer uma festa enorme como sempre e, quando você entrar na igreja, todos estarão lá.

Selin sorri, satisfeita com a minha resposta.

Ela não é tola, mas é otimista e acredita em mim, como sempre faz. Meu coração se aperta, porque sei que não sou digno de sua confiança. Estou mentindo. Minha família não estará em nenhum lugar perto de nós dois no futuro. Nem mesmo Piril. Engulo a mentira, finjo um sorriso e...

Acordo com uma mão em meu rosto.

O tapa, apesar de fraco, faz eu me retrair de susto. Afasto meu corpo sem direção, meus sentidos ainda adormecidos, e a mulher ao meu lado protesta em resposta antes de voltar a se aconchegar em meus braços. Sinto seios intumescidos roçando contra mim, mamilos excitados e durinhos.

Eda parece uma gatinha, ronronando ao sentir o meu calor. Inquieta, ela se move mais uma vez e sua perna vai para cima da minha, sinto seu calor em minha coxa. Se o tapa não intencional não foi suficiente para me acordar completamente, essa proximidade é.

Abro os olhos, confuso.

- Estrelinha? - sussurro, aturdido e rouco pelo sono.

O quadril de Eda se arqueia contra mim de súbito, como se escutar minha voz fosse um gatilho de prazer.

- Serkan... - ela sussurra e... pausa, imóvel. Muito, muito imóvel. Então, se afasta do meu peito com uma rapidez sobrenatural, soltando um gritinho assustado

- Serkan? Encontro seu olhar sonolento, uma névoa de embaraço e consternação em seu rosto.

- Você me deu um tapa - balbucio as palavras, com um meio sorriso - e se esfregou em mim enquanto dormia. Estava tendo bons sonhos?

Não que o tapa e seu tesão estejam relacionados, penso tardiamente.

Ela solta um gemido de raiva e vergonha, antes de corrigir a roupa que está vestindo e se deitar de novo, dando-me as costas. Minha blusa deve ter se movido com todos os seus movimentos. Encaro, sem vergonha, os trechos deliciosos de sua pele nua e macia.

- Foi sem querer - ela murmura, a voz aguda e cheia de arrependimento.

- O tapa ou a esfregação? Passo a mão na minha bochecha, que arde levemente.

Sem Honra | EdserWhere stories live. Discover now