24 - Eda

1.6K 116 68
                                    

— As chaves?

— Estão aqui.

— E seus documentos?

— Nos estábulos.

Estreito os olhos para Serkan, que sorri em resposta.

— Você pode parecer sério, pelo menos? — indago, rezando a Deus por um pouco de controle.

O problema é que a calma não está no meu sangue e o sorriso de Serkan aumenta, o que não combina em nada com o homem que está me evitando desde que o sol nasceu.

— Só vou fazer um boletim de ocorrência, Eda. — Seu tom é calmo e sóbrio agora, o que me deixa louca. — Não precisa ficar nervosa.

— Quando dizem isso para mim, fico ainda mais nervosa — murmuro, irritadiça.

Sirvo mais café para nós dois, procurando uma razão para me manter ocupada. Serkan agradece, sua mão roçando na minha de forma natural e, sem dúvida, impensada. Pauso, tomando uma respiração longa e profunda. Esse tipo de toque é ruim, muito ruim.

Ele sabe, eu sei. É por atos assim que, após a noite passada, estamos... nos evitando.

Não estou sentida por Serkan ter fugido de mim como se eu fosse um animal selvagem. Sério, não estou.

Não somos amigos. Muito menos compatíveis. Fomos quase amantes, depois nos tornamos inimigos. E agora somos inimigos e amantes que seguram a mão um do outro às vezes.

— Tudo ficará bem — o patife diz, seus dedos passeando pelos meus. Seu olhar fica meio nublado, e sua boca se contrai, como se ele estivesse brigando consigo mesmo por me tocar. — Pare de se preocupar e descanse.

Encaro-o, aturdida com seu pedido.

Serkan é uma visão tentadora nesse momento, olhos brilhando deliciosamente e camisa com os primeiros botões abertos. O sol que vem da janela bate na lateral do seu rosto e em seus cabelos, fazendo os fios brilharem. Toda essa paisagem faz a minha boca salivar.

Pressiono meu corpo contra o balcão da cozinha, onde estamos comendo, e faço exercícios para controlar a respiração. Tenho muitos motivos para me preocupar e pouquíssimo tempo para descansar. Em primeiro lugar, transei com ele. Depois, presenciei um incêndio, um de verdade e não entre lençóis. Para completar, tive um episódio extremamente emocional e íntimo ao lado de Serkan.

Então, acordei em minha cama (sem saber como cheguei lá) e estava sozinha.

Serkan foi trabalhar ainda de madrugada e só voltou agora, horas depois. O que significa que o homem teimoso não descansou um minuto sequer... Não comece a se preocupar com ele, Eda.

— Quando você descansar, pode falar isso para mim — alfineto, bebericando meu café.

— Você estava lá quando eu descansei, amor — Serkan retruca em um estalo.

Sua voz rouca e a força de suas palavras quase me fazem engasgar. Deixo a xícara no balcão e encaro-o, tentando esconder seu efeito em mim. Não devo fazer isso com muito sucesso, já que seus olhos caem para minha boca e inflamam meu sangue. Ele não resiste e se move para mais perto de mim, um predador em frente a sua presa.

Prendo a respiração, contendo um arrepio.

É quase como se seu controle tivesse ido embora.

O brilho em seus olhos faz memórias muito indecentes se revirarem em minha mente.

Eu estava errada quando achei que o desejo cessaria. Quero dizer, transamos. A curiosidade não deveria ir embora? E, além disso, tive uma crise de choro na frente dele. Estou horrorosa e Serkan, apesar de ser sexy a qualquer hora do dia, precisa de umas boas horas de sono.

Sem Honra | EdserWhere stories live. Discover now