14 - Eda

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Saí do bar de Serkan com porra no cabelo.

Não tem uma forma bonita de dizer isso.

Não era muito, longe disso. Mas... sabe... estava lá.

Melo me olhou, riu e apontou esse pequeno detalhe, que provavelmente iria passar despercebido se não fosse por sua observação. Feita na frente de várias pessoas. Puxei ela pelo braço, pagamos sua conta e fomos embora às pressas. Como eu estava cansada, passei em sua casa rapidamente para deixá-la e, após um curto resumo da minha mais recente derrota, parti para a fazenda.

Existem certos acontecimentos que você não pode esconder de sua amiga, principalmente quando tem... coisas no seu cabelo te incriminando.

Hoje, acordei com as chamadas de Melo.

Ela quer mais detalhes.

Foi um choque ver que estava atrasada para o nosso encontro diário. É sábado, então, fico mais tempo na confeitaria e não vou para a casa de Derya. Ela almoça com Serkan no fim de semana.

Retornei a ligação de Melo e avisei que cuidaria de algumas coisas em casa, mas que iria vê-la à tarde. Ela não está satisfeita, porque é uma grande fofoqueira.

De qualquer forma, eu não iria ajudar minha amiga com as encomendas hoje. Melo está me subornando: só posso auxiliar, criar receitas e opinar no catálogo... se for sua funcionária de verdade.

Acho que vou apenas ceder e começar a trabalhar lá.

Dois empregos seriam moleza, penso com ironia.

Agora, no entanto, preciso ficar sozinha.

Enfio meu rosto no travesseiro, sem querer sair da cama. Era madrugada quando terminei meu banho frio e me joguei no colchão de cabelo molhado. Minhas mechas estão a maior bagunça hoje, mas pelo menos não estão com substâncias questionáveis nelas.

Uh, não quero nem lembrar. Tantas coisas estão batendo na minha porta — e na minha cabeça, também. Preferia quando minha vida era simples, se é que já foi.

Depois de ontem, tenho muito o que pensar.

Quero dizer, a meta é não refletir sobre os episódios da noite passada. Pelo menos, não aqueles últimos. Não tem muito o que fazer acerca disso, na verdade. Serkan e eu queremos a mesma coisa e, além disso, queremos um ao outro em um nível físico.

Como eu disse, não há muito o que fazer. Nossa atração é, infelizmente, inegável. Então, acho que o mais indicado é evitar ficar sozinha com o maldito, continuar nossas disputas de longe.

Portanto, de agora em diante, não quero saber sobre o passado dele.

Não quero pensar nele, a não ser que o conteúdo desses pensamentos sejam insultos.

E, especialmente, não quero ficar perto dele.

Só preciso resolver mais uma coisa, algo que provavelmente irá nos aproximar um pouco. Mas é necessário... caso eu queria manter essa fazenda. Mais uma mentira entre nós não vai fazer diferença, tenho certeza.

Afasto a culpa, culpando o sexo oral explosivo.

Com meus objetivos definidos, me sinto mais tranquila. Serkan não pode me impedir de consertar minha casa. Depois de um tempo, vai se cansar e começar a irritar outra pessoa. Deve ser só a adrenalina da caçada pelo brinquedinho novo.

Preciso me reorientar e aprender com meus próprios erros.

Levanto-me da cama, sentindo meus músculos relaxados de um jeito muito gostoso. Estou proibida de pensar sobre o motivo para eles estarem assim, mas não posso ignorar a sensação boa que é quando me espreguiço. Solto um suspiro de prazer e abro os olhos vagarosamente. Encontro meu reflexo no pequeno espelho que coloquei na minha mesinha: pareço descansada e... determinada.

Sem Honra | EdserWhere stories live. Discover now