15 - Eda

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Aparentemente, uma escada velha pode ter todo o tipo de microrganismo esperando para entrar em você e fazer um estrago.

Além disso, é muito possível que Serkan tenha perdido a cabeça.

Eu já deveria saber...

Ele quer comprar uma propriedade horrível, sem um bom motivo aparente, e já disse uma vez que deseja fazer a dona desse lugar, no caso eu, cair em sua cama. E agora para completar, quer...

— Quando você disse que iria me levar para casa... — Estudo seu rosto, hesitante. Acabei de receber alta e ainda estou fraca, mas sinto que algo está muito errado aqui. — Acho que não foi muito específico. Por que estamos entrando nesse lugar?

Serkan me lança um sorriso apertado, muito breve. Nada como costuma fazer, tão provocante e pronto para me deixar insana.

Aperto os meus próprios lábios em uma linha fina. Seus olhos também não estão com aquele brilho costumeiro.

Ele está cansado, e eu não quero pensar sobre o motivo para isso.

Não quero refletir sobre o fato de esse homem, tão inexplicável, ter passado a noite em uma cadeira ao meu lado no quarto de hospital. Ele não deveria ter feito isso. Eu não precisava ter dormido lá, para falar a verdade.

Serkan insistiu que fizessem exames em mim e, aparentemente, estou fisicamente exausta o suficiente para dormir uma tarde e noite inteiras.

— Você vai ficar na minha casa por alguns dias, Estrelinha — ele decreta, por fim.

Faço cara feia, esquecendo parcialmente seus últimos atos gentis. Uh, odeio a noção de que Serkan fez algo bom... para mim.

— Não, não vou — respondo, sem necessidade. Se eu falar para qualquer um na rua que irei passar uns dias com Serkan, essa pessoa vai rir na minha cara. Isso é o quão impossível esse tipo de coisa é. — Por favor, Serkan, eu estou cansada...

Tão cansada.

Ele me olha, inabalável.

Seus dedos no volante ficam frouxos e a sensação louca de que ele quer me tocar passa por minha cabeça.

— Você não pode ficar sozinha, sofreu um acidente — murmura— e está doente. Não posso te largar sozinha naquela fazenda.

Fiz alguns exames ontem após toda a madeira ter saído de dentro de mim. Eles já ficaram prontos hoje — cortesia de Serkan, que deve ter apressado o laboratório com ameaças — e, segundo os resultados, estou com um leve quadro de anemia por conta de uma carência de nutrientes.

Meus níveis de hemoglobina ainda não estão tão baixos, mas Kaan ficou preocupado e insistiu em me receitar suplementos e uma nova dieta.

Ele também me passou remédios para a dor: eu adoro esses.

Menos quando fico sonolenta, como agora. Tenho que ir para casa, penso. Estou correndo contra o tempo na reforma, não posso mais negligenciar minhas obrigações.

— Acidente? Não foi nada. — Mexo os dedos, sinalizando meu desdém. — E posso me cuidar muito bem sozinha.

Mais gostoso do que a liberdade (ou qualquer outra coisa) é a noção de que posso irritar Serkan a qualquer momento sem fazer praticamente esforço algum. Além disso, só existe a certeza de que farei o possível para tal situação se tornar realidade.

— Você vai ficar aqui — ele decreta mais uma vez.

Estou ocupada demais para responder, olhando para sua casa como se nunca tivesse visto uma antes.

Sem Honra | EdserWhere stories live. Discover now