21 - Eda

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O frio me acorda.

Estou aconchegada contra algo quente e duro, mas meus braços estão arrepiados. Sinto o peso do blusão de Serkan em minha pele, inútil para me aquecer plenamente. Aproximo meu corpo do único capaz de fornecer o calor que preciso, arrastando o nariz em seu peito.

Abro um sorriso lento e satisfeito.

— Estou apaixonada — sussurro, sonolenta.

Seus braços me apertam.

Eu me aconchego melhor, meus dedos em sua camisa.

— Eda... — Serkan exala meu nome, acordando. — Eda?

— Hmm?

Sua mão quente vai para a minha cintura e seus dedos começam a descrever círculos escaldantes em minha pele.

— Apaixonada? — Serkan repete, rouco pelo sono. Quase concordo, mas as palavras se embolam, já que meu cérebro começa a acordar e reconhece o exato momento em que fiz merda.

Pulo para trás como se tivesse saído de um transe muito de repente. Desgrudo meu rosto de seu corpo, arregalando os olhos para ele.

Serkan pisca, um sorriso tomando seu rosto.

"Apaixonada?", ele perguntou.

Sinto falta de ar.

— Estou apaixonada por isso aqui. — Aponto para o espaço ao nosso redor, o escuro assustador da roça e o pasto com seu cheiro característico ao fundo. Solto uma risada que deveria ser charmosa, mas que sai ligeiramente desesperada. — Pelo mato e pela natureza, Serkan. Por noites ao ar livre, sentindo meu espírito se conectar com o meio ambiente. Apenas isso! — Outra risada. — Não quis dizer que... estou apaixonada por, sei lá... por esse banco. Ou por você, por exemplo. Não, isso não.

Ele fecha os olhos por um instante e reprime um bocejo.

Seria mais fácil se você não estivesse sorrindo, quero gritar.

— Uhum, jamais pensaria um absurdo desses — graceja baixinho. — É mais fácil você estar se... conectando com a natureza e essa porcaria toda.

Aceno, muito séria.

— É quase como se você me conhecesse de verdade. — Aprovo sua resposta com tapinhas em seu peito, que podem ou não serem carícias... depende da perspectiva. — Agora, se você me permite, vou para o meu quarto. Está friozinho.

Ele anui com a cabeça.

Depois, franze o cenho adoravelmente.

— E sua conexão com a natureza, Estrelinha?

É...

E a minha conexão com a natureza?

— Estou indo aos poucos — minto, levantando-me do banco. Ele não gosta quando me afasto, noto. — Não quero me apressar em uma jornada tão importante e transformadora.

— Às vezes, um pouco de pressa pode ser incrível, amor.

Odeio.

Odeio quando ele é ambíguo.

— Vamos para a cama — decreto, antes que ceder pareça mais tentador.

Seus olhos cintilam, quentes.

Seus lábios se curvam:

Vamos.

— Eu quis dizer eu para a minha e você para a sua — esclareço o que deveria ser óbvio.

Sem Honra | EdserWhere stories live. Discover now