4 - Eda

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Você já pode parar de fingir agora, Estrelinha. - É impressão minha ou o maldito está querendo rir? - Eles já foram.

Pisco os olhos abertos, levantando-me da cama onde Serkan me colocou alguns minutos atrás, após eu ter desmaiado. Acontece às vezes quando estou sob muito estresse. E quando percebi que ele havia me chamado de noiva na frente de sua família, minha pressão caiu. Segundos depois, felizmente, voltei a mim. O que acontece é que... não quis despertar no meio de todos e encarar seus rostos, sabendo que menti.

- Tem certeza? - pergunto, enrugando o nariz ao esfregar rosto.

- Tranquei a porta do segundo andar. - Ele dá de ombros.

Isso não funcionou para mim, penso.

- Você está bem? Murmuro um sim e encaro o homem. Serkan está ao lado da janela do quarto, e, após me estudar com atenção, volta a olhar para a vista lá embaixo. Seu antebraço está apoiado na parede, inclinado o suficiente para evidenciar a curva de seus músculos de uma forma mais do que indecente. Os primeiros botões de sua camisa permanecem soltos, mostrando os músculos do peito e ombros. Um rastro de penugem cobre seu peito, a pele brilhante pela luz do sol que incide sobre a mesma. Sua posição descontraída não deveria ser tão atraente, penso. Tento não reparar muito no que não devo, mas minha determinação é risível.

Quando consigo desviar os olhos de seu corpo, minha atenção insiste em se prender nos seus lábios e nas linhas duras do seu rosto, mal escondidas pela barba. Esse homem não pode ser real. E ele parece mesmo divertido, vejo. Quase tanto quanto está exasperado. - Peguei um suco no frigobar para você. Beba - Ele ordena, me fazendo ranger os dentes. Mesmo assim, viro-me para o lado e vejo a garrafinha no pequeno armário ao lado da cama. Com um último olhar afiado para o cafajeste, pego o suco e tomo um gole. E mais outro. Estou com sede. Depois jogo as pernas para fora da cama e começo:

- Pode me explicar qual é o seu problema? Você disse para sua família que sou sua noiva!

- Moça... Fuzilo-o com os olhos.

- Não comece com isso, pelo amor de Deus!

- Moça - ele repete, para me deixar louca -, foi um mal-entendido.

- Um mal-entendido? Você mentiu! Um músculo em sua bochecha começa a saltar.

- Você também mentiu.

- Para uma pessoa! - lembro-o. - Você enganou dezenas e, agora, todos devem estar pensando que você trouxe sua noiva para apresentar para a família!

Não consigo entender... Eu queria assegurar meu salário, pelo menos. Ele mentiu por nada! Serkan grunhe e, depois, solta uma risada.

- Eles também estão cogitando que você está grávida.

Sinto todo o sangue se esvair do meu rosto.

- Por que você fez isso? - pergunto, mais do que chocada. O desgraçado franze o cenho.

- Não fiz nada. Foi você quem desmaiou e fez minha família começar a sonhar com bebês.

- Não é disso que estou falando. - Jogo as mãos para o alto. - Porque você disse que nós somos noivos, seu canalha?

Eu não deveria chamar o chefe da minha chefe de canalha, mas também não deveria ser a noiva dele... Estava tão certa de que ele iria dizer a verdade. E, de fato, aconteceu. Assim que as suas próximas palavras fizeram sentido, fiquei muito assustada: ser salva no último segundo - por uma mentira pior do que a primeira - foi desconcertante. Tanto que perdi a consciência.

- Ora... - Sua expressão muda, tornando-se mais arteira. Mais fatal. - Não é óbvio concluir que simplesmente quis te ajudar a manter seu emprego?

Sem Honra | EdserWhere stories live. Discover now