three.

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𝓛𝓸𝓻𝓮𝓷


Caralho, tudo é perfeito.

Não vou reclamar de nada.

Somente do fato de eu estar dentro dessa picape velha, as 03:44 da manhã e indo buscar a Rue, orando para qualquer coisa religiosa que exista que ela não olhe pro meu carro e veja ele derretido, e digo mais, da próxima vez que eu ver ela eu vou falar tanto na orelha ela que ela nunca mais vai pensar em fazer cagada de novo, quer dizer, pelo menos não nessa mesma semana.

Eu tentava fazer ao menos o rádio pegar, pra tentar chegar lá na paz, respirando melhor e eu tentava a todo custo ignorar o fato se que eu estava dirigindo para uma parte perigosa, e que até mesmo nos faróis, não tem nada. Nem mesmo um gato na rua, provavelmente a noite nessa cidade podre foi sem festas e os bares devem ter fechado cedo, porque não é possível.

Eu consegui ao menos vestir um moletom cinza qualquer e prender meu longo cabelo em um rabo de cavalo todo fodido, rezando pra que Fezco não note minha pressa em sair e voltar logo, afinal, eu não quero demonstrar nada que irrite o rapaz, nada contra mas eu não estou em uma situação muito segura no momento.

Eu ainda tô tentando considerar quais são as chances, probabilidades e tudo mais de ter sido eu a sorteada a me envolver nessa aventura.

Acho que todos os pensamentos são só pra evitar o meu nervosismo em estar me encaminhando direto pra morte. E se for uma armadilha? e se ele quiser me usar de mula pra viajar pra outro país com droga no rabo? eu vi em um documentário que as pessoas enfiam a droga lá e vão de avião mas sempre são pegos. Como vou explicar pro meu pai? quer dizer, ele não ia gostar muito.

Idiota. Imbecilidade é meu sobrenome. Que ideia idiota.

Você chegou ao seu destino.

A voz do GPS soou alto, e eu olhei pro lado direito da rua, encarando uma casa de dois andares simples, e o carro dele estava na frente, uma das luzes que aparentavam ser da sala da casa na parte de cima estava acesa e eu conseguia nitidamente ver a sombra de alguém parado na janela, como se estivesse me esperando.

E então eu apoiei minhas duas mãos no volante, fechei meus olhos com força e orei pra não dar nada errado.

Encontrar Rue. Enfiar ela no carro. Ir embora. Ameaçar ela de morte outro dia.

Abri meus olhos e na mesma hora eu tomei um susto que quase custou minha vida.

Lá estava ele, curvado sobre minha janela de motorista, e com as costas dos dedos deu leves toques na janela para que eu abrisse.

Respira fundo, Loren.

Ele vestia um moletom azul, uma calça cinza e uma touca na cabeça, que tinha estampa de vaca e porra... nem parece um traficante que tem dois empregos e ainda sobra tempo pra bancar de babá da amiga viciada.
Aqui estava um pouco frio, e acredito que por ele ser branquinho do jeito que é, pouco contato com o ar gelado deixava suas bochechas levemente coradas.

Óbvio, sua cara de marrento estava estampada bem nítida pra quem quisesse ver, e antes que eu abaixasse o vidro ele bateu mais duas vezes, e olhava para os lados como se procurasse alguém nos vigiando.

sweet gangster [fezco]Where stories live. Discover now