Meu estranho vício

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Ruby

Quando seus lábios se afastam dos meus, eu sabia. Ela sabia. Havia sido um erro. Que me custaria muito caro. Surpresa marcava seu rosto impecável, fitando algo atrás de mim, algo não, alguém. Me arrisco o suficiente para virar, sinto uma onda de arrependimento me abater assim que meus olhos se encontraram aos seus, era como um acidente acontecendo, como sentir mil facas entrando e saindo do meu corpo constantemente. Lágrimas rolavam pelo seu rosto, ela nem ao menos se dava o trabalho de esconder, já tinha desistido de impedir, de tentar negar. A única vez que a tinha visto dessa forma foi quando tudo começou, e agora tudo simplesmente acabava. Só o que ficava era a sensação de ver o que tivemos escorrendo por entre meus dedos como meros grãos de areia.

Dou um passo para frente e ela dois para trás.

- Sofia..

- Não. - Ela me interrompe, antes mesmo que eu possa começar.

Seus cabelos voam se prendendo ao seu rosto molhado. O estacionamento estava vazio, iluminado apenas por algumas luzes distantes demais de nós. Ela parecia pequena ali e eu grande demais, pesada demais. Sentia minhas pernas fraquejarem, mas continuava em pé, me obrigando a aguentar. A encarando de frente, mesmo que isso me doesse. Ela esboça um sorriso amargo ainda com lágrimas descendo pelo seus olhos castanhos.

- Eu acho que sempre soube, diretora.

- Sofia, me escuta. .

- Nunca foi sobre nós, não é ?!

Essas são as suas últimas palavras antes de partir. Sem se virar, sem vacilar nem por um instante e ir embora . Ela não ficaria mais.

Bato com a mão por todos os bolsos, os procurando

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Bato com a mão por todos os bolsos, os procurando. Acho o frasco, tento abrir com dificuldade sentindo a mão tremula demais falhar na missão. Os jogo no chão irritada, mas logo os pego de volta. Respiro fundo. Tento novamente. Engulo os comprimidos secos, sentindo os arranhar minha garganta. Me jogo no banco do carro não querendo sentir mais nada, apenas deixo meu corpo escorrer sem nenhuma força. Era como ter tudo tirado de você, sem restar emoção nenhuma. Apenas um grande vazio.

Pelo menos por alguns minutos funciona, e funciona muito bem, mas logo a dor volta. Muito pior do que antes, difícil demais para suportar. Dirijo até um lugar qualquer, escutando buzinas de outros carros, gritos nervosos de motoristas ao passarem pela minha janela mas nada disso parece me afetar só o que eu via eram seus olhos magoados me encarando. Respiro fundo.

Paro no foxes. E só consigo saber disso porque reparo no letreiro laranja piscando ofuscado minha visão, que já estava turva o suficiente pelos remédios. Procuro algo mais forte possível para beber. Depois disso tudo é apenas um borrão. É difícil discernir o que era real e o que não era. Copos sendo esvaziados, roupas arremessadas, algumas mãos bobas e a sensação angustiante sempre junto ao peito.
Saio cambaleando na rua, mas milagrosamente não caio, alguém estava me segurando. Uma mão firme me apoiava em seu corpo, me levando para dentro de um carro eu não sabia se queria ir ou não, mas apenas vou, sem forças para impedir, mal aguentando me manter acordada. Alguém falava algo que eu não conseguia entender e o carro começa a andar.

Sofia (Romance Lésbico)حيث تعيش القصص. اكتشف الآن