prédios velhos

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Sofia

Me vejo nesse instante presa dentro de um carro com Ruby Rose. Mesmo que eu tenha inventando mil e uma desculpas para isso não ter que acontecer, mas quando ela decide algo realmente não tem como a fazer mudar de ideia. Não que eu estivesse desconfortável com a sua presença, acho que depois da noite passada ela já não me parecia mais tão durona como diria  Fred. Ver a Ruby descontraída dessa manhã e deplorável da noite passada só me provou ainda mais que ela realmente apenas adotou esse temperamento rígido, por algum motivo, e que perde o controle assim como todo mundo.

— Diretora? — Eu a chamo um pouco relutante, e ela desvia o olhar da rua por um instante para minha direção e eu continuo — Eu sinto muito pelo o que eu falei no Bar. Não sei se eu disse algo muito ruim ou..

— Não tem problema. — Ela diz antes de eu terminar minha fala. — Posso aumentar o volume? — Ruby pergunta um pouco desconfortável, claramente tentando me impedir de voltar ao assunto, então eu apenas concordo, percebendo que seria inútil insistir.

O silêncio consome o espaço entre nós e eu me viro assistindo tudo escorrer pela janela.

                                   

Ela me deixa na porta do prédio, saindo apressada logo em seguida, sem que eu tenha a chance de agradecer ou me despedir.

Assim que eu ia abrir a porta do meu apartamento Dona Rosália aparece no corredor, usando uma saia e um casaquinho amarelo pastel. Ela me olha e esboça um sorriso carinhoso.

— Sofia, está voltando só agora ?

— Sim, Dona Rosália, acabou acontecendo algumas coisas no trabalho, nada demais — A senhorinha a minha frente me lança um olhar desconfiado que logo se desfaz.

— Vem, entra para tomar um café comigo. — Eu estava realmente cansada, e queria apenas um banho. Mas como negar um convite tão gentil, principalmente sabendo que Dona Rosália deve estar passando o final de semana sozinha. Então eu afasto o desânimo e nós entramos no apartamento tão pequeno quanto o meu. Mas de certa forma muito diferente. Cada canto que se olhava tinha um tapetinho ou paninho, em cima dos móveis, potes, televisão. A própria Rosália havia costurado a maioria deles, ela tentou me ensinar por um tempo mas eu realmente não tinha jeito para isso.

A tarde foi tranquila, tirando pelo fato de eu ter perdido cinco partidas seguidas no jogo de cartas. E não, não foi porque eu deixei minha adversária de 70 anos ganhar. Ela realmente era muito boa, costumava jogar com seu marido quase todos os dias, antes dele falecer.

Sofia (Romance Lésbico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora