Ruby, uma empresária de sucesso, diretora de uma das maiores empresas de Seattle e herdeira de uma fortuna inimaginável. Do outro lado Sofia, que não tem praticamente nada para chamar de seu. Mulheres completamente opostas que acabam se esbarrando...
Escuto sua respiração descompassada enquanto sua cabeça repousava sobre o vão dos meus seios. Eu sentia sua pele ainda quente e úmida descansando sobre a minha, enquanto eu circulava suas tatuagens com a ponta dos dedos tentando decifrar o que estava desenhado ali. Lembrar que agora eu tenho algo marcado para sempre na minha pele também, me trazia um conforto, era como ter uma coisa que mais ninguém poderia tirar de mim, as lembranças com ela estariam sempre comigo. De repente a diretora levanta seu queixo e eu consigo enxergar seus olhos azuis me fitando por debaixo dos fios de cabelo suados. Desvio virando o rosto para o lado, eu devia estar ridícula e descabelada mas sua mão se encaixa no meu maxilar me obrigando a voltar para ela. Sua boca se aproxima da minha e eu consigo sentir nossos gostos misturados em um só.
— Por que ela tem que ficar lá ? Qual a relação de vocês ? — Minha voz sai, afinal, eu me sentia sufocando porque sabia que estava tentando derrubar uma das barreiras que ela mesma criou. Ruby fugia de perguntas enquanto eu as procurava.
Ela se remexe, virando de costas para mim, puxo o lençol cobrindo meu corpo sentindo frio de repente.
— É difícil de explicar, Sofia.
"Para alguém que está de fora" as palavras ressoam na minha cabeça.
— Por que você não tenta ?
— Jasmin e eu nos conhecemos a muito tempo.. E.. Ela não tem mais ninguém que possa ficar com ela além de mim. — Eu esperei ela continuar, mas isso não aconteceu.
— Quanto tempo ela vai ficar ?
— Não por muito. — Ela fala e eu me viro de costas também, antes de a sentir envolver meu corpo entre o seu. —Quando esse projeto terminar eu.. Quero começar de verdade entre nós.
— O que quer dizer? — Me viro encarando seu rosto procurando algo que me dissesse que ela estava mentindo, mas não acho nada.
— Sem esconder nada dessa vez, e sem você precisar ser só a assistente da equipe e nem continuar morando aqui. — Não consigo evitar sorrir, aquilo parecia ao mesmo tempo tão distante e tão próximo estando juntas assim agora, que era difícil de diferenciar.
— Para mim.. Já é de verdade.
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Quando acordo na manhã seguinte, me questiono se realmente é real. Ela já tinha ido para sua casa e para Jasmin, e só o que eu sentia era seu perfume cravado nos lençóis brancos da cama e na minha mente. Encaro o apartamento de ponta cabeça e as paredes mofadas me olham de volta me desejando um "bom dia"
Me arrumo sem pressa dessa vez e saio do apartamento. Enquanto trancava a porta mantinha ainda a esperança de encontrar com Dona Rosália no corredor, já faziam dias que não a via, talvez ela tenha mudado sua rotina de caminhadas. Preciso passar para ver ela, mas não agora, ou certamente vou chegar atrasada novamente. Desço as escadas velhas que rangem a cada passo meu, esse prédio parece estar se decompondo cada segundo mais rápido.
