𝟏.𝟎𝟒 'respostas seguras

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— Eu estou tão confusa — Ruby berrou em certo ponto. — Já temos idade mas o Gilbert ainda não fez nada.

— Pense em todas as possibilidades que haverá na Queen's ano que vem - Josie, que havia obviamente escrito sobre ela e Billy, tentou consolar Ruby.

— Mas eu só vou pra Quenn's pra ficar perto do Gilbert!

Seria mentira se eu dissesse que não estava me divertindo.

As meninas entraram na sala ( Anne dizendo que ajudaria Ruby com o rapaz), enquanto eu e meu melhor amigo continuamos parados em frente ao mural de interesses. Ele segurou minha mão com mais força e sugeriu algo — Joe e eu escrevemos mensagens de amor irônicas um para o outro e pregamos de forma anônima antes de nos juntarmos aos outros.

"Ouvi dizer que Amélia tem uma quedinha por Joseph Templeton", ele escreveu.

"JT+AL = CASAL PERFEITO", anotei em garrafais.

Até o final das aulas, as meninas me fizeram tantas perguntas (além de Anne que sabia que era mentira) sobre nosso "futuro casamento numa tarde de primavera" que tive que sair mais cedo da sala para poder rir em paz.

Gilbert não falou comigo. Ele sorriu e me cumprimentou na entrada. Me olhou enquanto falava com Anne — provavelmente sobre ele ter algum tipo de interesse em Ruby —, mas não conversamos. Nenhuma palavra se quer. Não esperava algo diferente.

A aula teve seu fim com cada um dos alunos falando sobre seus ancestrais. Joe havia me avisado de antemão, mas não me dei ao trabalho de montar algo elaborado porque a história da minha família — por parte de pai, ao menos — não é tão feliz e colorida quanto a vida de contos de fadas que meus colegas e seus antepassados tiveram o prazer de viver. Contei sobre como meu avô existiu em desgraça até os trinta anos, antes de conseguir pagar por sua carta de alforria e se mudar para Londres, onde se casou e viveu como um homem livre.

A história deixou alguns desconfortáveis, mas não recebi perguntas quando me sentei.

trem
2

No sábado, enchi o saco de papai para me deixar ir até Charlottetown visitar Amália e sua neta April na Lotus. Ele dificilmente aceitou — odiava que eu pegasse trens sozinhas porque as pessoas tendem a ser ainda mais racistas quando então em posição de poder —, me ofereceu carona umas setenta vezes, mas depois que contei que Anne estaria indo para lá encontrar com a senhorita Josephine e Cole, meu pai finalmente concordou — ainda sob a condição de que Joe ficasse no meu pé como um segurança branco pronto para me proteger de qualquer coisa.

O que me surpreendeu mesmo foi encontrar com Gilbert por lá.

Anne não havia me contado antes que Blythe agora tinha uma espécie de estágio num consultório local — o mesmo do médico que havia enfaixado meu pé e da menina gentil que flertava com um esqueleto. Ela se divertiu com minha cara de desespero antes de quase xingar o maquinista que rejeitou minha passagem.

— Não fale com estranhos — Marilla advertiu. — Não aceite caronas. E fique perto de Amélia, Gilbert e Joseph. E tem certeza de que tem tudo? As passagens de volta do trem e da balsa? — Anne respondia com "sim, é claro, claro, claro" para todas as perguntas com as bochechas mais rubras que o normal. Joseph tampava minha boca para que eu não começasse a rir, enquanto Gilbert apenas franzia as sobrancelhas para a situação. Meu pai observava em silêncio. — Porque Deus sabe o que vai acontecer se ficar presa em... Meu Deus, Anne! Como se apresenta te representa. Se parecer um moleque, Deus sabe que perigos atrairá. Sabe que tipo de gente anda de trem?

blue boy, gilbert blytheWhere stories live. Discover now