- eu nunca vi caixa nenhuma aí.

- estava escondida.

- se estava escondida como poderíamos saber que ela existia e nela tinha dinheiro?

Nesse momento Gusto me viu e veio em minha direção. Ele estava alcoolizado e pelo estado dos seus olhos, não era só o álcool que estava afetando o seu raciocínio.

- foi você né sua cachorra? Que pegou meu dinheiro?

- eu nem sabia que você tinha dinheiro guardado aí Gusto.

- sabia sim, eu já vi você me sondando durante a noite, várias vezes, você rouba meu dinheiro e distribui por aí.

Gusto tinha mania de perseguição. As vezes quando ficava louco de álcool ou drogas ele dizia estar sendo seguido, dizia que os telefones estavam grampeados e que qualquer hora ele seria levado pelos homens de uma gangue.

- distribuir pra quem Gusto? Eu não conheço ninguém aqui e não temos nem amizade com os vizinhos, pra quem eu daria qualquer coisa que eu tivesse pego aqui?

- para a gangue, eles me querem, por sua causa, você deu dinheiro pra eles me buscarem.

Todos os dias era assim, Gusto falava coisa com coisa. As vezes eu achava graça como agora.

- do que está rindo sua vadia? É isso que você quer não é? Que eles me levem?

Ele avança pra cima de mim e começa a deferir murros e ponta pés. Dona vera tenta segura-lo e ele fica pior a atacando também. Aquilo ativa meu instinto protetor, Vera é a sua mãe, é uma senhora, é uma mulher, isso era errado de todas as maneiras possíveis, era doentio.

- não encoste um dedo nela Gusto, ou...

- ou o que vadia? Você acha que pode comigo? Eu bato em você até sentir todos os seus ossos quebrarem.

E empurrou a sua mãe que também tentava me defender. Ao empurra-la ela foi jogada no chão e bateu a cabeça.
Ficou atordoada e tentou se levantar.

- tá vendo sua vadia o que você faz?

Dito isso ele veio por cima de mim e continuou com os golpes. Eu sentia socos por todos os lados, no meu rosto, na minha barriga. Deitei no chão de cócoras com as mãos na cabeça na tentativa de minimizar a dor e de tentar me proteger mais era inútil.
Minha consciência aos poucos foi sumindo até que eu apaguei.

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Não sei por quanto tempo eu fiquei apagada só lembro que me vi deitada no sofá sendo observada por alicia e já era de noite

- mãe ela acordou.

Meu corpo todo doía e sentia que minha cabeça pesava uma tonelada.
Dona vera veio em minha direção com um copo de água, algumas toalhas molhadas e comprimidos.

- minha filha, perdão por não conseguir te ajudar.

- a senhora está bem? Ele te machucou?

- não, depois que ele te machucou e viu que você desmaiou ele saiu. Voltou quase agora a pouco mais caiu na cama e dormiu.

Tento levantar mais meu corpo todo dói.

- venha comigo, vamos te lavar.

- eu preciso sair daqui, preciso ir embora, não aguento mais.

- você não pode vitória, ele já disse que iria atrás de você e te mataria.

Ele sempre dizia isso.
Se eu o abandonasse ele me mataria.
Se sonhasse que algum homem chegou perto de mim, me mataria.
Se eu contasse pra alguém que ele me batia, me mataria.

Dona vera e Alicia me ajudam a me levantar e me levam até o banheiro.
Me ajudam a me despir e quando me olho no espelho da pia vejo meu estado.
Meus olhos estão roxos, meu supercílio cortado, hematomas por todo o corpo. Fora isso já fazia alguns dias que não me alimentava direito e nem dormia direito. Eu estava magra, tinha os olhos fundos, o cabelo cacheado estava todo embolado eu estava um caos.

Alicia buscou uma cadeira e colocou debaixo do chuveiro e enquanto elas me davam banho e meu corpo doía eu fazia uma nota mental: essa foi a última vez que Augusto tocou em mim. Nunca mais isso iria acontecer, porque eu não permitiria, eu ia fugir, pra bem longe e quando encontrasse alguém que eu pudesse confiar e que me ajudasse eu voltaria pra pegar vera e Alicia

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Ela decidiu meu povo
Nossa mocinha vai sair dessa casa?

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