Nós - Brittana

42. Inseguranças

— Oi, mi amor... — Santana levou ambas mãos à sua barriga, assim que constatou Lizzie se mexer durante a madrugada. Estava um pouquinho mais agitada que o normal, do mesmo modo que sua mãe. Eram como espelhos. — Hoje somos só nós duas. Então, acostume-se com isso.

A morena suspirou, olhando para a droga do travesseiro de corpo inteiro do seu lado. Só o que conseguia pensar era em Brittany e na discussão que tiveram por causa do seu ciúmes. Não queria ter dito aquelas coisas para a namorada, mas a loira e os malditos hormônios aflorados da gravidez não estavam lá facilitando muito para o seu lado.

Qual é, não havia necessidade alguma da Pierce esconder seu incomodo perante o namoro de Marley e Kitty. Santana teria entendido, se ao menos ela tivesse tentado se abrir. Fosse o assunto que fosse, estava disposta a escutar. Mas, ficar sabendo por outra pessoa? Não, não dava... Se sentia a maior otária de todas agora. E muito provavelmente era.

Subitamente, a bebê lhe chutou. Então, Santana franziu as sobrancelhas pensativa.

— Eu sei, eu sei. Eu devia ter deixado ela se explicar. Mas, acho que no fundo eu... Eu tenho medo da resposta. — A latina admitiu em voz alta, à medida que outro chute lhe acertava o ventre. — Você não pode me julgar, coisinha. Olha o seu tamanho, nem nasceu ainda... Mas, é. Eu também sinto falta dela. Aquela trouxa é a melhor coisa que me aconteceu, desde que eu descobri sobre você.

Mais um chute e a jovem começou a cantarolar, no intuito de acalmar Elizabeth, e terminou chorando novamente naquele fatídico dia. Com certeza, Brittany nunca mais iria querer falar com ela depois de tudo que havia escutado. A Lopez sabia que ia acabar falando besteira se continuasse dentro daquele carro, ela sabia. E uma vez dito, não tinha mais volta. Será que ainda estavam namorando? Tinha acontecido tão rápido e tão bruscamente que sequer sabia dizer com propriedade, nem ao menos se despediram. Só havia sobrado silêncio e dúvidas no ar.

Paralelamente a isso, Brittany se achava aos prantos no apartamento de Kitty. Para sua sorte, Marley não estava lá então tinha a melhor amiga só para si. Porém, ela ainda não havia explicado nadinha do que tinha acontecido mais cedo à Wilde que só a observava, pacientemente, tomando aquele pote inteiro de sorvete em soluços repletos de lágrimas no seu sofá. Era estupidamente engraçado e trágico, ao mesmo tempo.

— E-eu e a Santana brigamos... — A Pierce contou em algum momento, tentando conter a choradeira. — E o pior de tudo é que foi por um mal entendido! M-mas, a culpa é toda minha. Sou m-muito idiota.

— Não, B. Você não é. — Kitty repousou uma mão no joelho da amiga, enviando-a um olhar compreensivo. — Qual foi o mal entendido?

— Então, acontece que... — Brittany explicou tudo o que acontecera até ali e a outra loira meramente a escutou, sem julgamentos. — Não sei o que fazer, s-sério. Eu gosto demais dela, Kitty... Demais. Mas, meus pais têm razão. Eu s-sou muito inconstante. Não sei o que eu quero e tudo o que eu faço é fazer mal pra Santana, mesmo tentando evitar de todas as formas!

— Isso não é verdade...

— Claro que é!

— Não, não é. É só o seu desespero falando mais alto que a razão. Olha, por mais que seus pais tenham levantado questões pertinentes a se pensar... Você não pode se deixar levar pelas palavras da Liza e do Frank, Brittany. Senão vai continuar entrando nesse ciclo infernal de estresse toda vez que eles falarem com você, tem que se manter firme. Não permita que eles tomem o controle da sua vida, muito menos a Sugar com essa mania irritante que ela tem de ficar se intrometendo na vida alheia.

— Eu sei... Mas, é difícil. Eles me deixam c-completamente louca, Kitty.

— É, a Sugar eu entendo total. Mas, em relação aos seus pais... Bom, como eu posso dizer? Parece que você está em constante busca pela aprovação deles, Britt. Mesmo que inconscientemente. Esse é o seu maior erro... Já tá mais que na hora de dar um ponto final nisso, a vida é sua! Quem tem que saber dela é você, não eles. Tô errada?