23. Pequeno imprevisto

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— [Então...] — Marley Rose fez uma breve pausa, ansiando confirmar o que acabara de ouvir doutro lado da linha. — [Nosso apartamento foi vendido, real oficial?]

— Sim, agora mesmo! E o crédito é todo do Sam, claro. — Brittany brincou, ao passo em que caminhava no terraço do prédio em que se localizava a pequena editora de quadrinhos onde trabalhava. — Se não fosse ele, nem sei quanto tempo demoraria.

— [Provavelmente, um ano ou dois...]

— Ei! — A loira gargalhou com a zoação da ex-namorada. — Não é pra tanto não, Marley! Para!

— [Ué! Tô mentindo, Britt? Não tô... Você sabe.]

— Difícil ter o próprio tempo nos dias de hoje, né?

Elas riram um pouco mais e a modelo voltou a falar em seguida, parecendo estar com pressa. Muito provavelmente estava indo trabalhar no instante em que recebeu a ligação da Pierce, ou já estava trabalhando. Era uma terça-feira de manhã, dava para entender. Contudo, a desenhista quis logo contar a novidade para a Rose, afinal o dinheiro seria encaminhado primeiramente a conta dela a pedido de Brittany. Fora o fato de que não conseguia conter a felicidade de finalmente virar aquela página de maneira definitiva, Marley sentiria o mesmo.

— [Sempre. Enfim, tô muito feliz! Sério... Só que eu preciso desligar agora, tô no meio de uma coisa importante. Depois me passa todos os detalhes, ok?]

— Pode deixar.

— [Tchau, Brittany.]

— Tchau, tchau. Se cuida.

— [Você também.]

A Pierce tirou o celular da orelha e sorriu, olhando para o horizonte. Estava tudo caminhando bem, isso era bom... Certo? Tinha que ser, porque se não fosse... Bem, Brittany não saberia o que fazer ou sentir. Logo retornou ao andar da Glee Comics para continuar trabalhando ao lado de seu amigo Mike e de outros profissionais da área. Na cabeça, a imagem de Santana acompanhando-a a todo instante. É fato que os desenhos em que a loira estava mexendo na ocasião não diziam respeito a ela, mas, ainda assim, pensar na Lopez tornava-a proativa. Não era só sobre sua HQ autoral, Snixx ou o alfabeto que a morena desenvolvia para ela... Era sobre elas se fazerem bem, se darem bem e casarem tão bem. Os olhares, as risadas, abraços e bocas.

Fazia quatro dias desde a promessa proposta por Brittany, quatro dias desde o último beijo. Ela jamais imaginou que esperar pelo próximo passo de Santana, para assim poder voltar a tomar iniciativa naquela relação, seria tão difícil como estava se mostrando ser. Jamais imaginou. Quando se encontravam era o melhor momento de seu dia há tempos, e passou a se questionar inconscientemente se para a outra também era. A dona de olhos castanhos parecia demonstrar tanto prazer de estar em sua companhia, e isso fazia-a tão bem que ela queria retribuir de todas as formas, mesmo que não passasse de um pequeno delírio de sua mente gamada.

Qual era o limite entre a amizade e uma relação amorosa se não beijos e toques mais íntimos? Se Brittany se mantivesse dentro dos limites até segunda instância, ficaria tudo bem. O controle estava nas mãos de Santana, e, o simples fato de não saber quando ou como aconteceria o desenrolar daquela história, era extremamente emocionante. Esperar era difícil? Era. Mas, essa parte conseguia superar qualquer divergência. Estavam experimentando flertes mais claros, sem a máscara de incertezas de antes. Não se perguntavam mais se o interesse era mútuo, porque sabiam que era. Não se perguntavam mais se estavam namorando outras pessoas, porque sabiam que não estavam. Não se perguntavam mais se aquele beijo era tão bom como parecia ser da primeira vez, porque descobriram ser ainda melhor.

Santana apenas pediu para que fossem com calma, o que Brittany entendia perfeitamente. Seu corpo? Nem tanto... Mas, sua mente sim. Muitos sentimentos para pouco tempo, não podiam e nem deveriam se apressar. Ir com muita sede ao pote poderia estragar tudo, e elas não queriam se machucar. Bom, de qualquer forma, teriam aula de yoga no dia e da última vez foi beijo na certa... Brittany estava ansiosa e com certo receio para seu expediente acabar, mal sabia ela que Santana também estava. E muito.

Nós - BrittanaWhere stories live. Discover now