7. À beira do limite

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Após chegar em seu apartamento, Santana cumprimentou Rachel e Kurt e foi direto para o banho. Os amigos estavam cozinhando, e ela, extremamente, cansada... Angustiada e mal-humorada. Não deu brecha alguma para diálogo porque, por mais que repetisse a si mesma quantas vezes fossem necessárias que trancar a faculdade era preciso, e que estava bem com isso depois de pensar muito e chegar àquela decisão inevitável sozinha, a Lopez não estava bem. Não ficaria tão cedo. E externalizar o oposto disso as pessoas chegava a ser ainda pior. Fingir nunca foi o seu forte. E, agora, era real, não mais uma mera hipótese... Tinha trancado seu curso. Era isso. Sem mais aulas à frente por, no mínimo, um semestre todo. Talvez, dois... Ou três. O prazo estabelecido pela instituição era de até um ano e meio, e continuaria tendo que pagar certa porcentagem em cima do valor de suas mensalidades. É. Eram despesas para todo lado, não era à toa que só pensava em trabalhar mais e mais. Por isso não podia dar ouvidos a prima, o Hummel, Mercedes ou Fabray nesse sentido. Precisava respirar dinheiro.

Em breve, mais consultas pré-natal bateriam à porta. E a preocupação com berço, carrinho, futuras escolas e tantas outras coisas, também. Aliás, já estava ali. Preocupação era o que não faltava, mesmo podendo contar com Sebastian. De todo modo, Santana se forçou a pensar positivo ao longo do dia e manter um sorriso no rosto o máximo que pode, mas todo o sentimento foi se acumulando e agora estava prestes a explodir em lágrimas, de novo. Era como se tudo despencasse em cima dela, repetidas vezes. Todos. Os. Dias. Seu emocional estava uma droga, deixava-a enjoada e irada. Parecia uma idiota. Não se reconhecia com toda essa 'mutação' da gravidez. Qualquer coisa era motivo de choro. Qualquer fala e já sentia ódio em todos os seus poros. Qualquer olhar desconhecido em cima dela soava julgamento, pena... Exceto o daquela loira metida a boa samaritana. Ela mantinha os olhos sempre nos seus. Por alguma razão, nunca os abaixava para medi-la ou encarar sua barriga. Nunca. E eram extremamente amigáveis. Ou talvez fosse apenas impressão sua.

Ainda não tinha sacado qual era a da tal Brittany, mas, uma coisa não podia negar: a garota era simpática. Irritantemente, simpática. Admirava-a e muito que alguém como ela andasse com alguém como Sugar, inclusive. Bem, de qualquer forma, diferente do assunto 'faculdade', queria contar essa parte para os colegas de quarto. Não achava que aquela mulher voltaria a aparecer tão rápido no Breadstix... E agindo tão normalmente, como o fez.

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Santana terminou o banho, se vestiu e retornou a sala de estar. Estava um pouco menos agitada do que se comparado a sua chegada ali e agora queria conversar, mas, não sobre qualquer coisa, é claro. Por isso tinha que ser rápida e sair tagarelando, antes que Kurt e Rachel pensassem em dizer qualquer coisa primeiro. E eles eram bons nisso. Ô se eram.

— Vocês não vão acreditar quem voltou no restaurante hoje... — Ela veio falando, num tom pitoresco.

— Quem? — Os dois perguntaram em uníssono da bancada da cozinha, que era de frente para a sala.

— A doida do envelope. Chegou lá toda estranha, com um boné na cabeça e óculos escuros... Ridículo, tinham que ver. Provavelmente não queria que eu ou a Mercedes reconhecêssemos ela, mas falhou né.

— E você falou com ela? — Rachel quis saber.

— Sim. Fiz questão de falar.

— E aí? — Kurt perguntou, ansioso por mais detalhes. — Como foi?

— Bizarramente... Normal. Acreditem se quiser. A garota foi muito simpática, inclusive. E eu não sei se é nóia minha, mas... Ela não me olha com pena e nem fica me medindo como a maioria dos clientes faz. Me falou o nome, pediu pra eu sugerir o pedido dela, sei lá... Ainda tô tentando entender como uma pessoa assim é amiga de gente como a fresca da semana passada, é doido pensar. Quer dizer... Talvez, não. Esses riquinhos são a própria dissimulação em pessoa.

Nós - BrittanaUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum