— Puta merda! — Joseph exclamou. Essa foi a primeira vez que Amélia o ouviu dizer qualquer tipo de palavrão, por isso arregalou os olhos. Seus braços me apertaram e ele quase caiu em cima da melhor amiga. De patins, ele escorregava pro lado, rindo. — Eu não acredito que você voltou!
— Queria que eu não tivesse voltado?
— Queria, sua insuportável — ele disse, fazendo drama. — Mas, meu deus, como eu senti saudades de você.
Joseph estava alto, foi a primeira coisa em que reparou, tão alto quanto da última vez. E havia deixado os cabelos cresceram, caindo perto da orelha em cachos sempre muito bem feitos. O sorriso é o que mais chama a atenção da garota, porque parece tão acolhedor e reconfortante que a deixava sem ar. Ele riu, balançou a cabeça e a encarou com aqueles olhos verdes brilhantes.
— Achei que eu fosse insuportável.
— Você é.
Abrindo caminho e empurrando Joseph para o lado, uma figura de cabelos ruivos esvoaçantes se puseram a sua frente. As sardas e o sorriso com dentinhos tortos a fazem sentir em casa.
— Meu Deus do céu, como você cresceu! — ela disse, como uma tia que há muito tempo não vê seus sobrinhos, e apertou Anne contra o próprio peito. — Até uns meses atrás, eu era maior do que você.
E Anne estava tão bonita quanto qualquer um naquele lugar. Mesmo sem as habituais trancinhas, ela parecia adorável e encantadora. Ainda tinha aquele ar sonhador que sempre fazia as pessoas felizes, e era isso que Amélia mais amava nela.
— Eu tenho tanto pra te contar, Ames. você nem tem ideia — ela disse, e parecia se conter para não falar tanto quanto gostaria.
— Vá dormir la em casa, preciso saber de absolutamente tudo.
— Fofoqueiras — Joseph murmurou, se aninhando na melhor amiga antes de voltar correndo pro jogo.
— Você pode ficar com a gente também, Joe — Amélia gritou, porque sabia que era exatamente isso que ele queria ouvir. E o olhar malicioso que ele deu em resposta brilhou em contradição com o sorriso gentil.
Amélia revirou os olhos, mas não pode negar: estava feliz em estar em casa.
amigos
3— Isso foi muito surreal — Ruby disse, com aquele seu ar apaixonante e inocente.
As garotas estavam animadas por terem Amélia de volta. Haviam lhe feito prometer contar sobre as "aventuras" que teve enquanto esteve fora. Lhe perguntaram sobre garotos, estudos e se era difícil ter de viver num lugar tão movimentado. Leconte, por sua vez, respondeu a tudo com um sorriso sutil, tentando soar o menos prepotente o possível.
Agora elas analisavam o jogo dos meninos.
— Teria sido ainda melhor se você tivesse escrito algo além de Gilbert Blythe na folha — Jane disse fazendo Amélia rir.
— Isso é o que? Um jornal? — Ela perguntou.
— Basicamente. Você perdeu muita coisa — Tillie lamentou.
— Voces precisam me contar tudo depois, sério. Meu espírito curioso clama por isso.
— Ames — anne chama — acho que alguém quer falar com voce.
Gilbert Blythe. Parado em sua frente, com o taco de hóquei — ou seja lá qual fosse aquele jogo — em mãos, lhe encarando com aqueles olhos de cores difíceis de descrever. Ele sorriu, desfez o sorriso e sorriu de novo, não sabendo como reagir ao que estava sentindo naquele momento.
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blue boy, gilbert blythe
FanfictionMe perdi em meio as suas palavras, reparando na forma em que seus olhos se comprimiam quando dizia algo. Adorava passar aquele tempo com ele, porque eu o enxergava de verdade - através dos seus olhos, como mamãe diria -; via alguém além do garoto tr...
𝟏.𝟎𝟑 'sobre coisas que queimam o âmago
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