𝟏.𝟎𝟑 'sobre coisas que queimam o âmago

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— Puta merda! — Joseph exclamou. Essa foi a primeira vez que Amélia o ouviu dizer qualquer tipo de palavrão, por isso arregalou os olhos. Seus braços me apertaram e ele quase caiu em cima da melhor amiga. De patins, ele escorregava pro lado, rindo. — Eu não acredito que você voltou!

— Queria que eu não tivesse voltado?

— Queria, sua insuportável — ele disse, fazendo drama. — Mas, meu deus, como eu senti saudades de você.

Joseph estava alto, foi a primeira coisa em que reparou, tão alto quanto da última vez. E havia deixado os cabelos cresceram, caindo perto da orelha em cachos sempre muito bem feitos. O sorriso é o que mais chama a atenção da garota, porque parece tão acolhedor e reconfortante que a deixava sem ar. Ele riu, balançou a cabeça e a encarou com aqueles olhos verdes brilhantes.

— Achei que eu fosse insuportável.

— Você é.

Abrindo caminho e empurrando Joseph para o lado, uma figura de cabelos ruivos esvoaçantes se puseram a sua frente. As sardas e o sorriso com dentinhos tortos a fazem sentir em casa.

— Meu Deus do céu, como você cresceu! — ela disse, como uma tia que há muito tempo não vê seus sobrinhos, e apertou Anne contra o próprio peito. — Até uns meses atrás, eu era maior do que você.

E Anne estava tão bonita quanto qualquer um naquele lugar. Mesmo sem as habituais trancinhas, ela parecia adorável e encantadora. Ainda tinha aquele ar sonhador que sempre fazia as pessoas felizes, e era isso que Amélia mais amava nela.

— Eu tenho tanto pra te contar, Ames. você nem tem ideia — ela disse, e parecia se conter para não falar tanto quanto gostaria.

— Vá dormir la em casa, preciso saber de absolutamente tudo.

— Fofoqueiras — Joseph murmurou, se aninhando na melhor amiga antes de voltar correndo pro jogo.

— Você pode ficar com a gente também, Joe — Amélia gritou, porque sabia que era exatamente isso que ele queria ouvir. E o olhar malicioso que ele deu em resposta brilhou em contradição com o sorriso gentil.

Amélia revirou os olhos, mas não pode negar: estava feliz em estar em casa.

amigos
3

— Isso foi muito surreal — Ruby disse, com aquele seu ar apaixonante e inocente.

As garotas estavam animadas por terem Amélia de volta. Haviam lhe feito prometer contar sobre as "aventuras" que teve enquanto esteve fora. Lhe perguntaram sobre garotos, estudos e se era difícil ter de viver num lugar tão movimentado. Leconte, por sua vez, respondeu a tudo com um sorriso sutil, tentando soar o menos prepotente o possível.

Agora elas analisavam o jogo dos meninos.

— Teria sido ainda melhor se você tivesse escrito algo além de Gilbert Blythe na folha — Jane disse fazendo Amélia rir.

— Isso é o que? Um jornal? — Ela perguntou.

— Basicamente. Você perdeu muita coisa — Tillie lamentou.

— Voces precisam me contar tudo depois, sério. Meu espírito curioso clama por isso.

— Ames — anne chama — acho que alguém quer falar com voce.

Gilbert Blythe. Parado em sua frente, com o taco de hóquei — ou seja lá qual fosse aquele jogo — em mãos, lhe encarando com aqueles olhos de cores difíceis de descrever. Ele sorriu, desfez o sorriso e sorriu de novo, não sabendo como reagir ao que estava sentindo naquele momento.

blue boy, gilbert blytheWhere stories live. Discover now