Capítulo 26 - Agente Smith

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Pov Lauren

Tarde da noite, quando finalmente deitamos na cama, Camz me segura por um longo tempo, com os seios nas minhas costas. Eu flutuo no seu calor, corpo e alma em paz. Ela me respira, lento e profundo como se estivesse memorizando meu perfume.

— Eu poderia tê-lo matado. - Sussurra no meu cabelo. No escuro, minha mão encontra seu antebraço, pressionado em meu peito e acaricio sua pele, traçando os músculos.

— Mas você não o fez. - Sua respiração é suave e baixa.

— Eu enlouqueci totalmente. Não pensava em nada além de bater nele.

— Acabou agora. - Sob o frescor das cobertas, com seu calor ao longo da minha pele, estou segura. E apesar de Camila ser mais do que capaz de se proteger, eu gostaria que ela se sentisse segura também. Seus dedos se enrolam na curva do meu ombro.

— Eu nunca precisei de ninguém além dos caras. Nos tornamos a família um do outro. Eu cuido deles. - Não digo nada, simplesmente corro meus dedos sobre os ossos de seu pulso, ao longo da parte interna do seu braço, onde sua pele é como seda sobre pedra.

— Eu falhei com eles, Lo. Eu deveria saber que Jax estava perdendo o controle.

— Camz...

— Eu deveria ter nos mantido juntos depois que ele tentou terminar, em vez de me afastar. - As cobertas farfalham quando me viro pra encará-la.

— Quase todas as noites, durante um ano, fui para a cama pensando que deveria ter tentado levar meu pai para a reabilitação. Eu deveria ter dito algo em vez de olhar para o outro lado. - Beijo sua bochecha. — Metade do tempo não conseguia me olhar no espelho porque pensei, meu pai ficaria mais feliz, ele teria bebido menos, se nunca tivesse desistido da vida para me criar? - Seus olhos se arregalam como se estivesse com dor.

— Não, Lolo. Ninguém que te conheça consideraria você um arrependimento. - Suspiro, meu polegar tocando o canto da sua boca.

— Esse é o problema, no entanto. A lógica diz uma coisa, mas você ainda sente outra. Você pode me dizer que estou errada sobre o meu pai. Posso dizer que você está errada em falhar com seus amigos. Mas acreditar é mais difícil, não é? - Seus lábios pressionam contra a minha testa.

— Eu não quero falhar com você, Lo. E agora, não sei como evitar.

— Eu sinto o mesmo. - Sussurro. Ela se move em cima de mim, estabelecendo seu corpo no meu. 

Lá, no escuro, ela faz amor comigo. É quase desesperada, a maneira como nos tocamos, procurando beijos, carícias desastradas. E é doloroso. Cada toque parece o fim de algo, o começo de outra coisa.

Estou apavorada e não sei porque. Talvez ela também esteja, porque não me deixa ir. Não quando chegamos ao nosso clímax e não quando adormecemos nas últimas horas da noite.

-*-

De manhã, estou sozinha. Camila foi examinar sua mão com raio-X para o caso de haver fraturas.

Tomo café da manhã no meu quarto e não espero visitantes. Quando Jax aparece, estou cautelosa. Ele mal olhou na minha direção na noite passada, como se não pudesse suportar.

— Você quer um café? - Pergunto enquanto ele me segue até a sala de estar da suíte, onde o carrinho de serviço de quarto está arrumado.

— Sim, claro. - Bate o polegar contra a coxa.

Temos viajado juntos por um tempo agora, mas nunca estivemos realmente sozinhos, exceto na primeira noite em que ele veio me ver no meu triste episódio de medo do palco. Nós não somos amigos, mas nunca o considerei meu inimigo.

Uma Roqueira Em Minha VidaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora