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- Nós precisamos voltar. - Resmungo com a cabeça enterrada na curva do pescoço de Erwin, que suspira e afasta um pouco o rosto para me encarar. Os olhos azuis reviram nas órbitas quando ele balança a cabeça devagar em negação.

- Eu não quero voltar.

- Eu também não. - Respiro fundo. - Mas não vai demorar até o Levi mandar alguém atrás de nós.

Erwin sorri e concorda com um aceno de cabeça enquanto me afasto de seu abraço, sentindo falta do contato quase que imediatamente. Olho o comandante de soslaio quando minhas mãos começam a trabalhar em selar o cavalo novamente e ele se mantém imóvel enquanto me encara ao lado de sua montaria. Quando está tudo pronto me preparo para montar, mas sou interrompida por Erwin.

- Amarie. - Ele chama e me viro para ele, que dá alguns passos até mim. - Evite contato com os soldados que capturamos hoje, não sabemos se eles têm ligação com Zeke.

Suspiro.

- Yelena é uma de suas seguidoras, até onde eu sei. - Digo a ele, que junta as sobrancelhas em uma expressão preocupada. - Eu não confiaria nela, se fosse vocês.

- Não confiamos, mas não é isso que a fizemos pensar. - Erwin diz em um tom divertido e sorrio de lado, imaginando alguém como Yelena acreditando na suposta ingenuidade de seus inimigos. - Não vou deixar Zeke saber que está aqui.

- Obrigada, Erwin. - Sorrio para o Comandante, que se aproxima e deixa um beijo rápido no topo da minha cabeça e volta a caminhar em direção a seu cavalo.

Agradeço por ter ficado um pouco para trás, assim ele não veria meu rosto ganhando uma tonalidade quase que escarlate enquanto os momentos com o Comandante passavam de novo em minha mente várias e várias vezes. Meus olhos fitam o animal de pelagem branca correndo diante de mim e o homem sobre ele, a postura quase impecável e os olhos fixos no caminho adiante. Erwin nunca me pareceu o tipo de pessoa que corresponde a sentimentos como esse, que prefere se refugiar na praia do que cumprir suas obrigações como Comandante.

Mas pensando bem, se eu estivesse na mesma posição que Erwin, já teria fugido há meses.

De volta ao acampamento, quase todo o Reconhecimento está de retirada, um pequeno grupo já partia enquanto o restante se apronta para ir em seguida. Procuro entre as pessoas que vão de um lado para o outro atarefadas a cabeleira ruiva de Lina e apoio as mãos na cintura assim que ela se aproxima, o sorriso em seu rosto sumindo aos poucos assim que vê a expressão em meu rosto.

- Onde você estava? O que aconteceu? - Ela dispara em minha direção.

- Não interessa, interessa que que você andou fofocando sobre mim e Ethan pelo quartel. - Digo para ela, que dá um passo para trás e coça a nuca, sorrindo sem graça.

- Não é que eu estivesse fofocando... - Lina se atrapalha com as palavras. - Alguns soldados só estavam interessados em você e me perguntaram se você tinha alguém.

- E você achou que deveria responder? Eu nem sinto nada pelo Ethan, Lina! - Digo a última frase entredentes, pronta para continuar a bronca quando o pacote de papel em sua mão me chama a atenção, eu conhecia aquilo. - O que é isso na sua mão?

- Ah, estava com aquela mulher alta, que veio de Marley. - Lina responde simplória. - Ela disse que eu podia ficar com eles, sabe que eu adoro esses bolinhos.

Óbvio que eu sei que Lina adora aqueles bolinhos, entretanto, por que Yelena estaria com eles? Aquela doceria ficava além dos portões do distrito, em uma área da cidade que duvido muito que ela frequentasse em seu cotidiano. Estico a mão para Lina, que me entrega a embalagem de papel. Ela já havia comido alguns e as perguntas não paravam de surgir em minha mente quando senti uma mão pousar em meu ombro. Me viro a tempo de ver Hange abrir um breve sorriso para mim.

Lionheart I Erwin SmithWhere stories live. Discover now