A descoberta do passado

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Azaias e o Ichneumon correram pelo castelo à procura da origem do rugido. Se Aaron realmente tivesse lembrado do que aconteceu, precisaria de alguém para impedi-lo de fazer uma bobagem antes que fosse tarde demais, e se esse fosse o caso, a morte de Mael fora desnecessária. Uma coisa o rapaz estava certo: se o guerreiro sujasse as mãos de sangue, jamais iria se perdoar.

A dupla por fim adentrou o grande salão, avistando um homem de olhos vermelhos encarando a mulher pomposa que o assistia amedrontada, não podendo contar com a ajuda dos funcionários quase inconscientes no outro lado do salão. Não precisava pensar muito para saber que a primeira reação do príncipe foi atuar de forma violenta - isso se considerar que a mãe provavelmente tentou fazer um movimento que não foi do seu agrado - resultando nessa cena lamentosa.


— Aaron! Não faça isso — gritou Azaias.

— Você pode se arrepender — disse Ryder cautelosamente, temendo o efeito da raiva que pulsava no homem de írises de sangue. — Vamos encontrar outra forma.

— Como podem dizer isso? Ela deixou Mael pegar a minha dor! Ela queria que ele estivesse morto! Queria que eu me esquecesse dele.

— Eu fiz isso para te proteger, querido — disse a rainha, sem conseguir esconder o medo por ser o alvo da prole. — Se você se lembrasse dele, iria sofrer, e eu não quero ver você triste.

— Mentira! Você não queria que eu virasse esse monstro porque sabia que quando eu fizesse isso, eu ia morrer como o papai.

— Sim, é verdade, eu confesso, mas eu não posso perder você também! Você é o meu filho. Como uma mãe pode viver sabendo que o filho dela nasceu para morrer?!

— Meu pai morreu por todos nós! Eu posso fazer o mesmo!

— Não, não você. Não o meu filho!

— Então é isso... o seu filho — Aaron forçou um riso, amaldiçoando a situação que se encontrava. — Você fez a pessoa que eu amo se matar por mim para eu não virar dragão. É por isso que não queria ele aqui, não era? Pra ele morrer. Confessa!

— Co-Como se lembrou dele?


Aaron mostrou os caninos afiados, revelando a fúria de dragão que tanto continha. Sua mãe não tinha negado, e isso era o pior. Se Mael aparecesse, os sentimentos do príncipe ficariam confusos e aumentaria as chances dele ser domado pela fúria. Para conter o lupin, o mal teve que ser cortado pela raiz, impedindo que novamente alguém da realeza morresse por ouvir o próprio coração. Ele foi planejado para morrer. Sempre foi. 


— Você acha mesmo que essa poção iria impedir que eu me lembrasse dele? — os caninos de Aaron aumentaram, alimentando sua raiva. Se ele não fosse príncipe, se ele não fosse amigo de Mael, se ele não fosse um filho, nada disso teria acontecido. — Me esquecer de Mael é a mesma coisa que esquecer quem sou, mamãe!

— Só diz isso porque está apaixonado, mas quando se tornar rei-

— Me tornar rei? Eu não quero governar sem ele! Sei nem se quero viver sem ele.

— Aaron!

— Mael sacrificou a vida dele por mim e esse reino antes e agora, e nas duas vezes você me fez esquecer dele. Quantas vezes você quer que ele morra pra se sentir satisfeita?! Até quando quer que eu seja infeliz?!

— Eu não quero que você seja infeliz, quero você bem. Por isso fiz tudo isso.

— Quando vai perceber que eu preciso dele? Ele me mudou, mamãe. — o príncipe balançou a cabeça, querendo negar que aquelas lembranças fatais realmente aconteceram. — Foi Mael que me ensinou o que é ser um verdadeiro príncipe, que não tem problema errar e ser vulnerável. Ele me ofereceu um lugar que eu quero voltar.

A Pedra dos SonhosWhere stories live. Discover now