O desentendimento do coração (parte dois)

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Um ponto distante dos meninos se distorceu, revelando uma fumaça negra que foi se juntando até formar uma forma monstruosa. Um cachorro com mais de dois metros e meio tinha três cabeças de grandes caninos afiados prontos para destroçar uma carcaça. Seus olhos eram feitos de fogo, espalhando as chamas à medida que suas expressões faciais se formavam.


— Será que devo acabar com você?

— Não vim bater papo, Cerberus. — disse Aaron. — Serei franco e claro. Onde está o Mael?

E por que eu iria te ajudar, príncipe Aaron? És insignificante.


Suas chamas do vácuo ocular se encurtaram, revelando que ele estava observando um ponto específico atrás do guerreiro.


Ao notar isso, Ryder se escondeu atrás do grande par de asas brancas de Azaias, temendo que o grande animal fizesse algo.


— Parece que tens companhia — murmurou o cachorro infernal. — Que hilário, um Ichneumon e uma águia seguindo justamente você. Até mesmo um Vodnik saberia que isso não iria dar um bom resultado.

— Não estou aqui para pedir a sua opinião sobre a minha vida. Me diga onde está Mael.

— Se estás insistindo tanto... fique comigo e te contarei onde ele se encontra.


O guerreiro contraiu os olhos.


— Acha que sou idiota?

— Tu não tens outra escolha.

— Eu posso te matar.

— Se você me matares nunca acharás o garoto.

— Eu não sou como os seus coleguinhas. — os dentes de Aaron rangeram, segurando a raiva em seu corpo. — Nem que eu tenha que revirar esse mundo, eu vou achar ele. Não me subestime, Cerberus.


A dupla próxima do príncipe o encarava em estado de choque, temendo se aproximar mais do homem. Os olhos dourados de Aaron tinham se tornado vermelhos com uma fina pupila preta, como se pudesse enxergar cada mísera alma do recinto. Sua sede de sangue era nítida através dos glóbulos oculares, produzindo raivosas chamas que lutavam para queimar qualquer coisa que ficasse no caminho.

O espadachim segurou as katanas ao redor da cintura habilmente, deixando que uma onda corresse as lâminas de prata, transformando-as na cor alaranjada, exibindo o lume esverdeado.


— Acha que estou aqui para brincar?


Cerberus abaixou a cabeça lentamente e a ergueu em sinal de respeito, aceitando a igualdade de forças ao compreender o aviso. Sua postura se transformou de amedrontadora para uma elegante que demonstrava o seu grau de superioridade sem necessitar de expor os caninos, aceitando o príncipe como um igual, advertindo:


— Rever esse garoto só lhe trará problemas.

— Não cabe a você decidir as minhas decisões. Eu quero encontrar o Mael.

— Se o procurais, a única coisa que farais é que o ciclo continue. Ou não se recordas do que aconteceu?

— Eu vou impedir isso.

A Pedra dos SonhosWhere stories live. Discover now