A aventura (parte 2)

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O espadachim olhou para baixo desinteressado e então percebeu que o menino se sustentava com apenas uma mão. O medo se refletia no par de topázio, revelando o seu desespero de cair daquela altura.

As esferas âmbares dilataram.


— Se segure um pouco! — pediu Aaron, compartilhando o sentimento temeroso. — Irei te puxar ali de cima.

— Não! Você vai me deixar cair!

— Por que eu faria isso? É uma vida que está em jogo.

— Não!

— Aguente firme e espere por mim.

— Aaron!


Mael assistiu o homem escalar as rochas com rapidez, tendo que abaixar a cabeça para que as pedras soltas não caíssem em seus olhos com o movimento. Seus lábios trêmulos temiam ser abandonados naquelas condições. As lágrimas mal o deixavam enxergar com nitidez onde se encontrava, o que seria bom, se não sugasse a energia de seu corpo.

O jovem sentiu a mão escorregar e gritou com toda a força que conseguia, ardendo os seus pulmões. Sua energia tinha sido drenada pelas lágrimas, fazendo-o se encontrar com a beirada da pedra. Nessas condições a única coisa que queria era chorar, mas não podia deixar-se levar pelos prantos ou acabaria sem forças, e dessa vez, não teria como se safar se escorregasse novamente.


— Aaron! — gritou o jovem, temendo que sua voz o jogasse para longe. — Aaron! Po-Por favor...

— Mael! Segure em minha mão!


O rapaz olhou para cima e esticou o braço livre, porém seus dedos não alcançavam a palma adiante, produzindo uma faísca de medo em suas veias.


— Tente mais um pouco Mael, você consegue.

— Estou com medo.

— Eu sei, mas você tem que continuar. Vamos.


Mael ergueu o braço, esticando o mais que podia. Sentia o osso de seu ombro gritar de dor pela ação forçada, mas não podia cair, entretanto, por mais que tentasse, não era o suficiente.


— Eu... não consigo.

— Só mais um pouco.


O rapaz se esticou ainda mais, por fim sendo segurado pela forte mão do guerreiro.

Aaron lhe puxou com força, realçando as veias que saltavam de seu pulso pelo esforço. Ele colocou o menino no local plano e mirou o ser cabisbaixo. Segurou levemente a mão fria e o puxou para si, fazendo com que o menor caísse sobre o seu corpo.


— Você está bem? — perguntou o guerreiro baixinho.


As mãos de Aaron tocaram nos ombros trêmulos do jovem, que se imobilizou ao senti-lo.

As esferas de topázio miraram o guerreiro, mergulhando no mar de gotas presas no globo ocular que lentamente ganhavam liberdade.


— E-Eu... ia morrer — murmurou Mael quase sem voz. — Eu me vi caindo ali de cima, eu vi.

A Pedra dos SonhosDonde viven las historias. Descúbrelo ahora