A seca das escolhas

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O dono da visão olhou o ambiente, avistando as árvores que o rodeavam aparentando estar mais escura do que de costume. Seu peito palpitava de angústia, temendo a maré negra que o consumia. Mal conseguia buscar uma solução que já imaginava uma péssima notícia, como um monstro que lentamente o engolia para se deliciar do prazer de tê-lo se contorcendo em vão para se livrar de suas torturas.


— Mestre, tem certeza que quer fazer isso? — perguntou alguém ao seu lado. — Atravessar o portal é muito perigoso. Nem sabemos se vai dar certo.

— É o único meio de salvarmos ele — o observador insistiu. — Agora que o rei está morto, temo pela vida dele.

— Mas não pode fazer isso — insistiu a ser ao seu lado. — O que direi quando ele for te procurar e não te achar?

— Dirá que estou protegendo o seu tesouro — disse o homem. — O mal não vai parar a menos que haja um equilíbrio entre as forças. Se eu continuar aqui, meu amo vai sofrer assim como todos os inocentes.

— Se você vai, eu vou — uma outra sombra veio ao seu encontro. — Precisará de alguém para lhe ajudar caso se machuque.

— Obrigado, doutor. Tenho certeza que os seus conhecimentos irão acalmar a minha alma nessa jornada.

— Se ele vai, eu também vou. — insistiu a pessoa do lado do observador. — Eu não posso te deixar sozinho, mestre.

— Não, você tem que ficar — o observador colocou a mão no ombro dele, sentindo o leve tremor da pele ameaçando a chorar. — Preciso de alguém para cuidar do meu amo.

— Mas sou fiel a você, mestre. A ninguém mais.

— É exatamente por isso que quero que fique. Eu confio em você e sei que será tão fiel ao seu dever quanto a mim.

— Mas eu não quero que se machuque.

— O doutor estará comigo, então não ficarei sozinho. Lembre-se depende de nós que essa história se resolva. Precisamos nos apoiar.

— Rael está certo — disse o doutor. — Somos os únicos que temos uma carta para atuar, mas precisamos fazer isso agora.


A silhueta da sombra respirou fundo e segurou a mão do observador Rael, dizendo:


— Serei eternamente fiel a você, mestre. Cuide-se.

— Você também. Vamos doutor.

— As suas ordens, conselheiro.


Um barulho estrondoso ecoou pela floresta, correspondendo ao medo que todos tinham. O frio invadiu o interior de Rael, provocando o pesar de seu peito, enquanto um sutil relinchar lhe perseguia, fazendo-o virar imediatamente para trás, não vendo nada além do mar azul.


— Mael, está tudo bem? — perguntou Azaias sem desviar os olhos do seu rosto. — Parece cansado. Aconteceu algo?

— Na-Não. Não é nada. 

— Tem certeza? Você estava olhando pro nada esse tempo todo. Eu te chamei, mas você não ouviu.

A Pedra dos SonhosNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ