As joias do festival

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Mael olhou ao redor, vendo as inúmeras barraquinhas espalhadas no pátio da escola. Enfeites e balões eram vistos de uma ponta a outra, convidando a multidão a se aproximar. Com o fim do ano, os professores tiveram a ideia de ter uma festa para reunir as famílias dos estudantes, e esse esperado dia havia chegado, alegrando a vida de todos.

O jovem sorriu ao escutar a música sair das grandes caixas de som, preenchendo-o de curiosidade para explorar cada cantinho do local. Desde que entrou na escola, nunca havia ficado nesse tipo de festa para não atrair olhares, mas não se importava com isso nesse momento.

Lentamente havia se acostumado a saber que as pessoas iriam criticar ele independente do que fizesse. Com o seu cabelo, as suas amizades, seu comportamento, sua suposta ficha criminal... sempre haveria algo para criticar, mas o que mais importava é que ele estava feliz. Finalmente tinha encontrado pessoas que podia conversar, nesse e no outro mundo, que estavam esperando por ele sem se importar com a sua aparência, e isso era mais do que desejava. Um verdadeiro paraíso.


— Então você realmente veio — uma voz feminina surgiu no ambiente, fazendo a alegria de Mael sumir no mesmo instante. — Espero que não arranje confusão hoje. É um evento familiar muito importante.

— Eu sei disso, professora — Mael a entregou um papel. — Esse é o resultado do meu exame de rotina confirmando que não tenho nada. A assinatura do médico está aí pra provar que não é falsificada.

— Certo — resmungou a mulher, não tendo como argumentar. — Se algo ruim acontecer por sua culpa, vou te mandar direto para a diretoria.

— Entendi.


A mulher deu as costas para ele e se afastou com passos pesados, deixando o menino ter liberdade para finalmente suspirar de alívio por não escutar aqueles saltos. Tinha a impressão que quanto mais a via, mais ódio ela tinha por ele. Como se não bastasse os eventos passados, o rapaz acreditava que Azaias estava envolvido no meio, considerando os olhares e "reuniões de emergência" no meio do corredor - e como sempre, o homem recusava educadamente e via de encontro ao menino.


Aiai Azaias, olha só o que você me faz passar - pensava o menino.


— Que bom que você veio — uma voz calma ecoou de um loiro. — Aqui está muito chato.

— Onde está o Eric? Acho que ele sabe o que tem por aqui pra nós divertir.

— Aguentando os pais irritantes por aí.

— Verdade, ele é do conselho estudantil — murmurou Mael, ciente de que o homem estava ocupado. — E você, Iori? Os seus pais vem?

— Nem falei com eles, são muito irritantes. E os seus?

— Devem estar chegando. Vão vir depois de passar no supermercado.

— Supermercado? Os seus empregados não compram pra vocês?

— Que empregado? — Mael piscou em estado de transe. — E-Ei Iori, só uma perguntinha bem normal... onde você mora?

— Como assim? O bairro?

— Na-Não algo como... sei lá, num hotel? 

— Não. É em uma mansão mesmo.


Mael deu um passo para trás de surpresa, tropeçando nos próprios pés. Quando finalmente conseguiu se estabilizar, apoiou as mãos no joelho e suspirou de alívio por não ter caído em nada, ou a ameaça da professora seria concluída. Fazia tanto tempo que estava no seu próprio canto que o rapaz tinha esquecido que tipo de escola ele frequentava.

A Pedra dos SonhosWhere stories live. Discover now