Mael deixou que o risco na lateral do seu lábio se expandisse, sentindo a mãe empurrar os fios teimosos de um lado para o outro, observando fixamente a testa. Já era milésima vez que o menino a explicava, mas ainda assim a expressão de dúvida insistia em aparecer no rosto da mulher, incentivando-a a perguntar, não convencida:
— Céus, como chegou a ter esse ferimento na cabeça?
— Eu já disse que caí da cama e bati a cabeça, mamãe.
— Tem que ter mais cuidado, filho. Ou será que vou ter que por braços como quando você era bebê?
— Já chega disso, mulher. O importante é que o médico disse que não foi nada grave — disse Jonas. — Ele precisa é descansar.
— Mas olha só a testa dele, querido. E se algo atingisse o cérebro dele? — perguntou Maria, alimentando as suas preocupações. — E se os colegas dele tentarem fazer alguma coisa?
— Não ponha mais pilha nele. Desse jeito você vai fazer a cabeça dele doer, e nós já sabemos aonde isso vai dar.
— Eu só estou preocupado com o nosso filho.
Um barulho ecoou pela casa.
— Olha só, a campainha — avisou Jonas, aproveitando a deixa. — É melhor você atender, Maria.
— Ma-Mas...
— Vamos, não pode deixar a visita esperando.
Maria bufou e saiu do cômodo, deixando o esposo a sós com o filho.
— Perdoe a sua mãe, mas já sabe como ela gosta de você.
— Eu sei pai, não se preocupe.
— Mas ela está certa em um ponto: você tem que ser mais cuidadoso.
— Não tenho culpa se giro na cama.
— Mas isso nunca aconteceu, Mael.
— Sempre tem uma primeira vez.
— Fala isso pra sua mãe que você vai se vê com ela. Sabe que ela é bem capaz de colocar grade na sua cama.
— Vai parecer um berço gigante.
— E que mal tem? É pra te proteger.
— Vai ficar ridículo. Quantos anos acha que tenho?
— Não sei que diferença faz. Você nunca deixou de ser o bebê dela mesmo.
Mael lhe mostrou um sorriso forçado, sentindo um pouco de vergonha pelo assunto em questão. Ainda que não tivesse incomodado com o sentimento honesto por trás daquelas palavras, imaginar a senhora Maria o mimando durante todos esses anos era um pouquinho desconfortável, mas não tinha coragem de falar isso - e muito menos, que ela parasse de demonstrar por sua culpa -, por isso, apenas sorriria e aceitaria, esperando que essa fase incômoda em seu peito passasse.
O barulho da porta foi escutado, chamando a atenção dos homens. Atrás da porta uma mulher encava a dupla com um enorme sorriso no rosto, dizendo praticamente cantarolando:
— Mael, veja só quem está aqui.
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A Pedra dos Sonhos
FantasíaO que você faria se a razão da sua cruel vida estivesse em seu corpo? Mesmo sentindo a dor da traição, Mael ainda é constantemente atordoado pela suposta doença dos seus cabelos cinzas, restando apenas uma companhia para alegrar momentaneamente a s...