-Pelo menos ninguém do time da Grifinória teve de pagar para entrar- Jean reconheceu a voz de Hermione- Entraram por puro talento.

-Ninguém pediu sua opinião, sua sujeitinha de sangue ruim- A menina reconheceria aquela voz mesmo sem precisar ver. Havia sido o primo que tinha xingado a Granger do pior dos xingamentos. Enquanto todos do time dos leões tentavam avançar, Jean se encolhia, lembrando do quanto tinha ouvido aquelas coisas na Mansão Malfoy, do quanto o tio, Lucius, tinha dito que era assim que Jeanine precisava agir e pensar se queria que os pais se orgulhassem. 

A menina viu um lampejo e, então, o Weasley mais novo de joelhos, vomitando lesmas. Os sonserinos se dobravam de rir, Draco também, mas mudou totalmente a postura quando o time se voltou para Ronald, tornando a presença da corvina aparente. Draco se sentiu pequeno, quase sumindo nas vestes verde e prata. Os olhos da prima estavam cinzas, como sempre, mas mais tempestuosos, os nós dos dedos mais pálidos do que o comum, devido a força com a qual a Snape segurava a pena. Quando os olhos dos dois se encontraram, Draco sentiu como se levasse um soco no estômago. A menina transbordava decepção e, se havia no mundo alguém que o Malfoy não queria decepcionar, era sua prima. Sua irmã. 

Os ombros da menina caíram quando suspirou pesado e, então, deu a volta pelo time verde e prata e seguiu para dentro do castelo. Os olhos da menina se encheram de lágrimas e, aquele monstro pequeno que estava dentro dela, aquele herdado da progenitora, sussurrou para a menina. Ela odiou Draco por alguns segundos, mas seu foco mudou quando se lembro o porquê do garoto dizer aquelas coisas e agir daquela forma. 

Lucius.

Não, não era certo o que Draco fazia. Mas a menina sabia que ele tinha medo do pai, não por ele, afinal, o Malfoy menor não se importaria em se ajoelhar diante do pai e deixar que ele lhe machucasse. Draco tinha medo do que o pai faria a Narcisa quando ele não estivesse por perto, caso não o obedecesse, tinha medo do que faria com a prima se tivesse chance.

Enquanto a menina tentava conter as lágrimas, sentiu braços finos a envolverem e o cheiro de lavanda inundou suas narinas. Luna, com seus cabelos loiros, preso em uma trança cheia de flores e um sorriso gentil, envolvia a cintura da mais velha.

-Atlas veio me procurar. Acho que ele sabia que precisava de um abraço- Foi o que Luna disse quando se separaram, quando Jean olhou para baixo, viu o gato siamês se esfregando em suas pernas.

-Acho...acho que ele estava certo- Jean tentou sorrir, mas falhou.

-Eu achei encantador!- Foi o que a corvina mais jovem disse, depois de um tempo em silêncio, fazendo dia a olhar confusa- Achei encantador que você tentou sorrir, mesmo que não fosse o que seu coração sentisse que devia fazer.

Luna um pouco excêntrica, tinha cabecinha loira na lua e falava sobre zonzóbolos e todas as coisas que o pai escrevia sobre, mas havia essa coisinha nela. Esse olhar sincero, esse dom de ver muito. A menina era, na opinião de Jean, o que todo corvino deveria ser.  

A mais velha beijou a bochecha de Luna e agradeceu pelo abraço, prometendo tomar chocolate quente com ela durante a noite, na Comunal. Quando seguia para a enfermaria, para entregar as anotações feitas, viu o primo sentado no chão, ao lado da porta. Os cabelos platinados estavam bagunçados, as vestes de quadribol amassadas e a vassoura Nimbus 2001, jogada em um canto.

-Não devia cuidar tão mal de uma vassoura tão boa- Foi o que Jean disse. Draco se pôs de pé em segundos, encarando a prima.

-Nine, eu...

-Se veio se desculpar e dizer que não queria dizer aquilo, sugiro que fale com Hermione e se desculpe com ela- Então se aproximou do primo, que olhava para o chão envergonhado- Sei que não quer ser como ele, Draco. Mas precisa se esforçar um pouco mais. Só um pouco.

Sweet CreatureWhere stories live. Discover now