2.1

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A Carta

Jeanine estava deitada na cama na mesma posição a tanto tempo que não sentia mais os dedos dos pés e das mãos. O teto do quarto, encantado para que a menina pudesse vislumbrar as constelações, já estava decorado de ponta a ponta.

Os cabelos escuros espalhados pelo travesseiro e os olhos azul acinzentados vagando entre as prateleiras de livros de poções e contos infantis, trouxas e bruxos. Faziam dois meses que Jean havia completado seus onze anos, o que significava que receberia a carta de Hogwarts em pouco tempo. Seu pai, Severus, estava tão ansioso quanto a menina, mas não deixava transparecer, em contra ponto, Jean acordava todas as manhãs e saia correndo até as janelas da casa e escancarava as, para esperar a coruja.

A Rua da Fiação, onde a menina vivia com o pai (padrinho na verdade) parecia parada demais, o que, de certo modo, ajudava Jean a se concentrar na carta, já que, qualquer movimento diferente, seria percebido rapidamente. Mas nada havia chegado.

Era sábado, vinte e sete de julho, e não havia sinal nenhum da carta de Hogwarts.

Tudo bem, pensava a menina, eu só preciso levantar e achar algo de útil para fazer.

Com um bocejo preguiçoso, Jeanine colocou os pés para fora da cama, deixando que as meias pretas e felpudas tocassem o chão frio. Jean usava um dos seus muitos pijamas diferenciados, um conjunto azul, com pequenos saturnos e estrelas. Com os cabelos ainda bagunçados e um pouco de baba no canto da boca, a menina desceu as escadas e rumou para a cozinha, onde Severus se encontrava. Quando os olhos do homem encontraram os da menina, o pocionista fez uma careta.

-Banheiro- Jean demorou alguns segundos para entender, então subiu as escadas quase se arrastando e entrou no banheiro. Escovou os dentes e prendeu os fios escuros em um rabo de cavalo desajeitado e voltou para a cozinha- Muito melhor!

Severus beijou o topo da cabeça da filha, que se ajeitava na cadeira ao seu lado. Jean e Severus compartilhavam de algumas manias que, vistas de fora, eram muito fofas. Quase em sincronia, serviram uma xícara de café, uma colher de açúcar, bebendo para, em seguida, fazerem uma careta e continuarem tomando o café.

-Tia Cissy pediu que eu fosse ao chá na Mansão Zabini- Jeanine fungou enquanto passava um doce que Severus não sabia como alguém poderia gostar, em sua torrada.

-E você vai?- O pocionista anotava algumas coisas em um caderno pequeno, enquanto bebia café e comia um pedaço de torta de maçã. 

Jeanine espiou pelo ombro do pai as anotações e ficou séria por alguns segundos, antes de responder.

-Não temos mais suco de romã, nem vagem soporífera- Jean comeu uma fatia de torta de limão- E, não, não vou. Pansy Parkinson vai estar lá, pai, e ela grita demais.

Severus olhou para a filha e concordou. Ele realmente entendia a menina. Tirando algumas cartas de dentro do pequeno livro, olhou sério para elas e, quando ergueu os olhos e encontrou Jeanine servindo uma fatia de torta de chocolate e outra de limão, sorriu.

-Acho que isso é para você- Estendeu o envelope para a menina, que arregalou os olhos e limpou as mãos com rapidez, agarrando o envelope. Em sua borda se encontrava escrito

Srta. J.V. Snape.

O último quarto do corredor.

Sweet CreatureWhere stories live. Discover now