Capítulo 39

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A garçonete chegou logo em seguida e fizemos nossos pedidos.

A conversa se seguiu leve e falamos um pouco sobre nossas empresas e pretensões na carreira.

Descobri que, assim com eu, Arthur lutava pelo trono de seu pai. Então pelo menos isso tínhamos em comum.

-Agora sinceramente - ele falou se aproximando de mim. - Como você me via antes de toda essa loucura?

Eu dei de ombros.

-Um cara safado, mulherengo, irritante, irresponsável - comecei.

Ele chacoalhou os braços na minha frente para que eu parasse.

-Okay entendi - disse. - Você nem se importa com os meus sentimentos... Meu Deus, que sinceridade é essa.

Uma gargalhada se esgueirou pela minha garganta e fui incapaz de controla-la.

-E você o que pensava de mim? - perguntei.

-Isso e complicado - se ajeitou desconfortável na cadeira.

Olhei para ele desconfiada.

-Fala - eu disse.

Ele me estudou com aqueles olhos penetrantes.

-Quando eu te conheci eu fiquei encantado por você - falou envergonhado. - Você parecia muito mais velha e tinha uma maturidade que eu invejava.

Eu o olhava admirada.

-Logo recebi notícias suas e soube que já estava trabalhando na empresa de seu pai - ele deu uma risada. - Eu te achei muito foda.

Rimos juntos da gíria e quando as risadas se cessaram ele voltou a me olhar.

-Dai eu descobri que você era uma mulher desbocada e irritante - falo.

Eu via em seus olhos que ele queria dizer algo mais, mas não insisti. Já sabia que rumo aquela conversa tomaria de os dois não tivesse cautela.

-E agora? - perguntei.

-Continuo te achando desbocada - falou rindo. - A diferença é que agora eu admiro isso em você.

Olhei para ele surpresa.

-Admira?

Ele balançou a cabeça.

-No dia em que fomos na boate, percebi que é só sua forma de auto defesa - ele tinha assumido um tom sério e pensativo. - A vida provavelmente já te testou de todas as formas possíveis, então esse é seu jeito de se privar de algumas coisas.

-E por que acha isso?

Tomei sua atenção e ficamos alguns segundos em silêncio.

-Você é uma mulher inteligente e muito mais racional do que qualquer outra que eu conheça, para adquirir esse tipo de coisa você tem que passar por muitas coisas - falou.

O que me deixava mais curiosa não era o que ele falava, mas como dizia tudo aquilo.

-Vamos? - perguntou.

Eu balancei a cabeça e o segui.

O caminho de volta a empresa foi silencioso. Arthur estava com a cabeça em outro mundo e não consegui interromper seus pensamentos.

Tirei aquele tempo para também repassar todo o nosso almoço.

Estávamos criando um vínculo e ficando mais próximos, era nítido que a sintonia que tínhamos um com o outro era uma grande influência naquilo, mas ainda assim...

Meus olhos se viraram para ele automaticamente e eu suspirei. Pude sentir meu coração badalar um pouco no peito.

Eu sabia o que aquilo significava.

Agora eu só tinha um medo. Fazer papel de trouxa e me iludir com Arthur Morais.

-Vamos fugir? - Arthur disse de repente, enquanto ocupava umas das vagas do estacionamento.

-Oi? - perguntei.

Ele se virou para mim no carro.

-Vamos fazer algo só nós dois - falou.

Pensei na papelada que pedi para a secretária pegar e no tanto de serviço que eu teria na parte da tarde.

-Eu estou cheia de coisas para fazer - falei.

-Eu também - ele disse.

Ele pegou uma de minhas mãos entre a suas e sorriu.

-Vamos, por favor.

-Okay, vamos.

CASAMENTO DE FACHADA: HERDEIROSWhere stories live. Discover now