Capítulo 12

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Eu e a mulher ficamos nos encarando por um tempo até que Arthur retornasse do quarto. Para a minha sorte, ele tinha carregado toda a minha bagagem.

-Eliz, essa é Emanoeli, a nova funcionária - ele disse.

-Emanuela, senhor - ela disse fazendo uma voz doce e uma expressão inocente. - Mas o senhor pode me chamar de Manu.

Meus olhos ficaram estreitos e eu encarei aquela falsidade que ela não tentava esconder.

-Enfim, Emanuela, - fiquei feliz por ele não optar pelo apelido - essa é minha noiva, ela é a dona da casa e ela que vai comandar tudo por aqui... Qualquer dúvida se reporte a ela.

Ele me lançou um sorriso acolhedor e eu assenti.

-Prazer, Eliz - ela falou.

-Senhor e senhora Morais, por favor - a corregi.

Percebi de relance um olhar de deboche, mas ela logo desfez e concordou com a cabeça.

-Outra coisa, - chamou Arthur - ninguém sabe desse relacionamento, então peço discrição da sua parte. Nossas famílias querem que isso permaneça em segredo.

Ele tinha que manter as aparências afinal de contas...

A mulher assentiu e vi um sorriso cauteloso em seu rosto.

-Por onde começamos? - ela perguntou.

Olhei para o relógio e já havia passado do horário do almoço.

-Podemos almoçar fora, o que acha, amor? - perguntei.

Queria deixar bem claro para aquela mulher que não deveria mexer com o que era meu. Eu não era o tipo que aceitava joguinhos.

-Por mim tudo bem, podemos passar no mercado e comprar algumas coisas para a casa - ele falou pensativo.

Abri um sorriso e peguei meu celular.

-Perfeito, então senhorita Emanuela, por favor deixe a casa organizada - falei.

Ela teria muito trabalho com aquela casa.

Arthur escolheu o maior dos apartamentos e o com mais vidros e espelhos. O trabalho que aquele local daria para limpar era surreal, mas ainda assim, ele quis algo com mais espaço.

A princípio teria que ligar com aquela mulher e se era para mostrar um pouco de respeito para ela, eu seria capaz. Se ela ficar no seu canto, eu não farei nada, mas algo me diz que ela deseja o que é meu.

-Você está bem? - Arthur perguntou antes de descermos do carro.

-Não confio naquela mulher - eu disse.

Senti que ele me estudava, mas não o olhei.

-Sinceramente? Eu também não - ele disse.

-Então por que ainda quer manter ela lá? - questionei.

Nossos olhos se encontraram e vi o quanto tinha receio ali.

-Um amigo meu da faculdade atropelou a irmã dela quando éramos mais novos - ele começou a contar. - Mas ele não tinha dinheiro na época e não tinha como arcar com aquele acidente. Então fingimos que foi eu.

-E então? - perguntei quando percebi que ele não ia continuar.

-O nome dela era Elena - falou. - Ela não sabe que não era eu e me culpa por ter.. ficado tetraplégica.

Meus olhos se arregalaram.

-Em parte eu me culpo por mentir para ela, mas não consigo dizer não a seus pedidos - falou. - Principalmente porque com o dinheiro, meu pai conseguiu arquivar o caso.

CASAMENTO DE FACHADA: HERDEIROSWhere stories live. Discover now