Prólogo

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-Debie, onde você escondeu minha chave? - gritei.

Morar com a minha irmã aparentemente tinha sido uma ideia excelente. Até eu perceber que a escolha tinha me submetido a suas brincadeiras ridículas e a seu temperamento nada estável.

-Eu não peguei sua chave - ela disse rindo.

Conhecia aquela expressão em seu rosto. Ela estava mentindo.

-Debie, eu estou falando sério - falei. - Papai me convocou para uma reunião de emergência.

Ela revirou os olhos.

-As vezes eu me esqueço que você tem que ser a filha perfeita - ela resmungou.

-Tenho que compensar o fato de você ser a filha rebelde - retruquei.

Okay, peguei pesado.

-A chave está na fruteira - ela disse ao se levantar e ir para o quarto.

Infelizmente não consegui lhe pedir desculpa e sai correndo em direção ao estacionamento do prédio.

Por sorte o trânsito estava fluindo bem, então consegui chegar cedo na empresa.

-Bom dia, senhorita Elizabeth - falou a secretária do meu pai.

Ele trocava de secretária todo mês, então nem me dava ao trabalho de decorar seus nomes.

-Bom dia - me limitei a dizer.

Abri a imensa porta e sorri para o senhor que se sentava a mesa, mais conhecido como Sérgio Hamons, ou meu pai.

-Minha filha, sente-se - ele disse.

Sua expressão estava séria.

-O que aconteceu? - perguntei.

Ele me lançou um sorriso fraco.

-Tivemos um desfalque enorme esse mês - falou. - Alguns funcionários fizeram lavagem no nosso dinheiro e fugiram.

Eu não tinha nem estrutura para responder.

-Vamos ter que fazer um corte de pessoal e talvez as coisas normalizem, mas ainda assim estamos com algumas dividas altas - ele continuou.

-Como isso foi acontecer? - perguntei.

Ele deu de ombros.

-Vou te convocar para a cede, então por hora você vai ter que deixar nosso escritório da zona sul e trabalhar aqui no centro - me explicou.

-E quem vai cuidar de lá? - perguntei.

Novamente, ele deu de ombros.

-Posso pedir para George assumir meus afazeres enquanto estou fora - falei.

Ele apenas assentiu.

-Não é só isso, né? - era nítido que não seria tão simples assim.

-Precisamos de uma outra forma, só isso não bastará - me encarou com os olhos preocupados. - Pode garantir uns dois meses, mas nada além disso.

Eu me sentei no sofá e comecei a trabalhar em várias possibilidades. Mas nada me parecia ser o suficiente.

-Precisamos de novos clientes e alavancar nossas ações - eu disse, mesmo sabendo que era complicado.

-Nos foi dado uma solução, minha filha - mesmo que o problema pudesse ser resolvido, ele não parecia animado com isso.

Olhei para ele por mais um momento esperando que me contasse quais eram seus planos, mas meu pai estava em silêncio encarando um de seus objetos sobre a mesa.

Suspirei e isso chamou sua atenção.

-Você está escondendo algo de mim - falei.

-Me desculpe, mas é que nunca pensei que fosse pedir algo assim para um filho meu - ele falou.

-Diga logo - falei.

Ele me estudou com o olhar e eu soube que o assunto era mais complicado do que eu poderia deduzir.

-Eu preciso que você se case.

CASAMENTO DE FACHADA: HERDEIROSWhere stories live. Discover now