Meu pai estava encarando o notebook. As sobrancelhas arqueadas combinavam perfeitamente com o semblante concentrado.
-Como você deixou vazar esse boato? - perguntou.
Ele não parecia bravo, só curioso. O que era estranho, pois o pouco que conhecia do meu pai, em situações extremas seus nervos sempre estavam a flor da pele.
-Nem nós sabemos - dei de ombros.
-Tudo bem, foi antes do previsto, mas acho que podemos aproveitar o momento - ele continuou. - Ligarei para Devanir e marcaremos um pronunciamento.
Assenti.
-Vou indo, ainda tenho que ver sobre a questão do desvio e como anda o financiamento da empresa - eu disse ao me levantar.
Meu pai ficou tenso de repente.
-Não se preocupe com isso, deixa que eu cuido dessa história, preciso de você aqui para assumir alguns projetos importantes - ele disse.
-Mas eu vim para a filia para ajudar com o desfalque - eu falei.
-Eu mesmo cuido desse assunto - ele disse.
Estava bem nítido que tinha alguma coisa de errado naquela história, me pergunto o quão grande era esse desfalque. Para deixar meu pai daquele jeito, com certeza era algo muito delicado.
-Vou convidar os Morais para um jantar de casamento - meu pai disse. - Avise sua irmã.
Oh, a família toda se reuniria novamente e eu já conseguia imaginar o quão aquilo era tendencioso ao fracasso.
-Vou avisar - falei caminhando em direção a porta.
-Eu aviso vocês antes - meu pai disse assim que fechei a porta.
Fui para a minha sala e mergulhei em todos os papéis que eu encontrei sobre a mesa. Tive que organizar vários documentos e ler tudo sobre os novos investidores.
-Senhora? - chamou minha nova secretária, cujo o nome eu ainda não tinha decorado.
-Oi? - finalmente levantei meus olhos dos papéis.
-Ja está na hora de sairmos - ela falou. - A senhora parecia tão concentrada que fiquei com receio de que tivesse perdido a hora.
Eu encarei o relógio e já havia passado muito tempo do horário do fim de expediente.
-Você poderia ter ido - eu disse. - Eu sempre consigo perder a noção do tempo quando estou concentrada.
Ela apenas se limitou a sorrir.
-Tenho um pedido para você - falei.
A mulher assumiu uma postura profissional e se aproximou de mim.
-Sim, senhora? - falou.
Suspirei uma vez, me espreguiçando na poltrona.
-Preciso que encontre esses documentos para mim - eu disse lhe entregando um bloquinho de notas.
Ela leu por um momento.
-Outra coisa, não fale para ninguém que fui eu que pedi - eu disse.
Seu olhar era desconfiado, mas mesmo assim ela assentiu e saiu da sala.
Juntei tudo que estava sobre a mesa e desci em direção ao saguão.
Realmente, já não havia ninguém mais no prédio. Todo mundo já tinha ido embora e no saguão só restavam os seguranças.
Cheguei na frente do prédio e comecei a telefonar para algum táxi, mas o carro de Arthur para bem na minha frente.
-Vamos? - ele pergunta.
Eu o encaro surpresa.
-A quanto tempo está esperando?
Ele da de ombros.
-Uma hora? - ele fala em tom pensativo.
-Por que não me ligou? Ou foi embora? - perguntei ao entrar no carro.
-Primeiro, não queria te atrapalhar, sei que o primeiro dia é sempre muito puxado. Segundo, não iria embora sem você - ele me lançou um sorriso fraco.
Sorri. Sem motivo, só quis sorrir.
Aquele homem tinha esse lado protetor, afinal. Isso me fez feliz e aqueceu meu coração. Algo dentro de mim quis acreditar que ele sempre estaria ali para cuidar de mim.
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CASAMENTO DE FACHADA: HERDEIROS
Romance(NOVA CAPA); Créditos da capa para: @Baby-Blue-Galaxy Elizabeth Hamons e Arthur Morais são os herdeiros perfeitos. Ambos tem a mesma ambição: conquistar a aprovação de seus pais e serem os responsáveis pelas suas respectivas empresa. No entanto, s...