Capítulo 8

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A tarde com Arthur foi mais agradável do que eu imaginava. Rimos bastante e o clima ficou mais leve entre nós.

Não pensei que fosse possível me divertir ao lado dele, mas no fim das contas aquela tarde tinha sido uma das mais legais que passei em minha vida.

-Aonde vamos agora? - ele perguntou ao assumir o volante.

-Comer um podrão - sorri orgulhosa da minha escolha.

Arthur me encarou como se eu fosse louca.

-Eu não vou comer isso nem na bala - falou.

-Você sabe o que é pelo menos? - eu não consegui conter minha gargalhada.

-Não sei e nem quero saber - ele falou fingindo ter calafrios.

Encorporei meu melhor sorriso maléfico.

-Você vai saber hoje - eu disse.

Coloquei no GPS uma lanchonete que eu conhecia muito bem e, mesmo que ele estivesse a contra gosto, indiquei que seguisse as coordenadas indicadas.

-Estou quase me arrependo de ter deixado você ganhar - o ouvi murmurar.

Por mais que parecesse um adulto, Arthur era uma verdadeira criança quando o assunto era maturidade. Ele tinha seus picos de responsabilidade, mas dava para ver que seu interior tinha um moleque adormecido.

-Então, amanhã quer ir ao shopping? - ele falou com os olhos vidrados no carro a nossa frente.

-Por mim tudo bem, já podemos aproveitar a viagem e comprar nosso enchoval de noivado - falei em sarcasmo.

Seu olhos me estudaram por um tempo, até por fim ele retornar sua atenção para o trânsito.

-Essa história de casamento te perturba, estou certo? - ele perguntou em um tom doce.

Ainda não tinha me acostumado com esse lado de Arthur. Eu o conhecia a tanto tempo e o pouco que sabia a seu respeito era sobre sua personalidade rude dentro da empresa e sua vida de balada. Nunca imaginei que ele fosse alguém atencioso ou do tipo que se importasse com o sentimentos dos outros.

-Nada contra você, mas é algo que eu li em livros e não pensei que poderia acontecer comigo - lhe confidenciei.

Seu sorriso era aconchegante e reproduzia um sentimento familiar.

-Prometo não tornar esse tempo um tédio para você - falou, por fim.

-Isso é bem difícil, você consegue ser bem entediante as vezes - o provoquei.

Ele tinha um hábito de enrugar a testa toda vez que era provocado e eu confesso que sempre que conseguia tentava jogar alguma piada só para ver ele franzir a testa.

-Oh, minha amada noiva, você terá que engolir essas palavras - ele falou em um tom de desafio.

-Essa eu quero ver - retruquei.

Suas sobrancelhas se arquearam e em seu olhar eu vi a diversão começar a aparecer.

-Chegamos no seu "podrão" - ele enfatizou a palavra com as aspas.

-Perfeito - eu disse ao sair do carro.

A lanchonete "Bom Sabor" era um pequeno trailer que ficava estacionado em uma rua com pouco movimento. Ainda assim, os lanches dali eram os melhores da região.

-Eliz, vou ter que fazer um plano fidelidade para você - falou Toni, o chapeiro do trailer.

-É meu amor, essa aí não nos larga nem mesmo de baixo de uma tempestade - falou sua mulher, Vitória.

CASAMENTO DE FACHADA: HERDEIROSOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz