Jogou o cobertor para longe de seu corpo imediatamente, determinado a acabar com aquilo, levantando-se irritado, o alfa rosnou ao buscar por suas pantufas, puto por seu vizinho − e o universo − parecer estar brincando com sua cara, encontrando o par de calçados no exato momento em que o som de algum programa infantil soou, extremamente alto, vindo do apartamento de cima.

Aquilo era um absurdo. Além de incômodo, era desrespeitoso, tirando-o do sério muito facilmente por seus nervos estarem a flor da pele, fazendo com que, assim que se considerasse decente, saísse porta afora apressadamente, nem sequer fazendo questão de trancá-la. Mais que tudo, querendo resolver a situação, sabendo que estaria de volta em pouco tempo – possivelmente com um dente a menos ou coisa parecida.

Subindo as escadas velozmente, prometeu a si mesmo que reclamaria pra caralho do novo morador assim que encontrasse com o síndico. Pensou que, talvez, um segundo puxão de orelha trouxesse a noção de volta ao moreno, que causara barulho demais em tempo de menos.

E que, por conta disso, fazia ele estar lá novamente, batendo na porta do Styles, em menos tempo do que gostaria e com uma dor infernal, mas infelizmente com urgência. E, tal como da última vez, o som parou imediatamente ao que suas batidas na porta começaram, fazendo-o rir incrédulo e morder o lábio inferior, revirando os olhos e passando a língua pelos dentes ao desviar o olhar, encontrando um rosto conhecido saindo de casa.

Katie, uma jovem que morava ali há alguns anos com o namorado ômega. Não conhecia o garoto muito bem, mas a beta era muito simpática, sempre agindo de forma amigável consigo e ajudando algumas vizinhas de idade com as compras. Soube que cuidava de crianças também, muitos moradores comentavam sobre como seus filhos pareciam amá-la e o quão adorável era. Mas bem, quem não era quando precisava de algum dinheiro extra pra pagar a faculdade?

De qualquer forma, ele acenou para a garota, pronunciando um “hey”, tendo um sorriso como resposta, assim como um aceno antes que ela sumisse pela escadaria. Logo em seguida, voltando sua atenção para a porta ainda fechada, batendo mais uma vez e com mais força. As luzes do prédio pareciam muito fortes aos seus olhos, incomodando-o e fazendo com que sua cabeça latejasse, apressando-o para voltar à sua cama. Ele só queria dormir.

O trinco fez barulho, a seguir, as chaves e só então a imagem de Harry apareceu, com desenhos em seu rosto e orelhas de coelho sobre a cabeça. E, mesmo inconscientemente, não pôde deixar de imaginar se algum dia deixaria de se surpreender com o visual do maior.

Um forte cheiro de bolo tomou conta de suas narinas, chamando sua atenção e fazendo sua boca salivar pelo delicioso aroma de chocolate, trazendo a forte tentação de apenas deixar aquilo passar mais uma vez e, quem sabe, fazer amizade pra conseguir um gordo pedaço da guloseima. Ou algo a mais, afinal, o bolo não era a única coisa que cheirava bem por ali. Se Harry tivesse um sabor tão gostoso quanto aparentava, talvez valesse a pena o sacrifício.

Balançou levemente a cabeça para deixar aqueles pensamentos de lado, focando apenas em sua raiva ao que seu cérebro pareceu ser atacado de novo. Ele estava ali para reclamar, não flertar ou comer sobremesa. Faria o que tinha ido fazer e voltaria para a escuridão de seu apartamento, onde deveria estar.

“Louis?” a voz do Styles pareceu hesitante, saindo em um tom inseguro de questionamento, como quem já esperava o que estava por vir. Bem, que bom então. Tomlinson não estava mesmo a fim de maneirar dessa vez.

“Qual é o seu problema?” vociferou, não perdendo a forma que os olhos verdes se arregalaram ou os ombros se encolheram um pouco, imediatamente lembrando das crianças e abaixando o tom de voz. “Dois dias, Harry. Fazem só dois dias que você disse que a bagunça ia parar.” lembrou-o de suas palavras, apontando um dos dedos para o outro e segurando um rosnado por ter sua mão afastada imediatamente com um tapa, tentando não se estressar mais para não arranjar confusão. A dor de cabeça já estava fazendo um trabalho bom o suficiente, não precisava de um olho roxo para acompanhar. “Se você queria um lugar pra ficar pulando o dia inteiro por quê escolheu viver em um prédio ao invés de comprar a porcaria de uma casa?” reclamou entredentes, refreando seu palavreado ao ter o vislumbre de pequenas mãos escondidas atrás de uma das paredes do apartamento, respirando fundo antes de prosseguir. “Eu não sei e não quero saber o que estão fazendo, ou como vai dar um jeito nisso, mas, por favor, parem. Ao menos por hoje.” pediu, apertando a ponta da língua contra os dentes, respirando fundo e soltando o ar pela boca, desviando os olhos para o chão antes de erguê-los novamente, focando no maior ao cruzar os braços.

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