Something Just Like This || abo

01 | Dormir

boa leitura meus amores

A primeira coisa que fez ao bater a porta, além de trancar, foi se livrar do casaco, impregnado pelo odor de outras pessoas, algumas em que havia esbarrado durante o dia e outras sendo clientes e amigos – que adoravam cumprimentar com abraços duradouros e apertados. Em outros dias, não se importaria tanto, mas os diversos cheiros, quando combinados com a horrível dor de cabeça que sentia, deixavam-no enjoado, até tonto. O que fazia-o preferir se livrar daquilo o mais rápido possível, assim como de seus sapatos limitantes.

Sentindo-se mais leve, massageou a testa ao concordar com o que diziam do outro lado da ligação, não dando a atenção necessária enquanto seguia em direção à cozinha, abrindo um dos armários e procurando pela caixa de remédios, tirando um em específico e guardando-a novamente em seu lugar, indo em busca de um copo, enchendo-o antes de mexer na caixinha que tinha em mãos.

A cartela de remédios estava vazia, fazendo Louis praguejar em voz baixa, tomando a água que tinha no copo antes de levar uma das mãos à têmpora, massageando-a como uma forma de refrear a dor, sentindo a cabeça pulsar com a enxaqueca. Jogou o plástico inútil e a caixa no lixo, fazendo uma anotação mental de que precisaria comprar mais em algum momento, voltando o celular para a orelha, finalizando a discussão anterior com uma breve explicação da situação.

Bill, o beta do outro lado da ligação, prontamente concordou que seria melhor deixar a conversa para um momento posterior, desejando uma boa noite e melhoras para o Tomlinson, desligando em seguida, fazendo o alfa sentir-se mais tranquilo tendo uma preocupação a menos. Agora, com seu lobo menos incomodado pelo barulho e irritação que o diálogo trazia, suspirou aliviado – apesar de haver grandes parcelas de frustração no ato.

Levou o copo até a pia, deixando-o por lá e logo seguindo seu caminho até o quarto, fechando as cortinas e apagando as luzes no caminho, repetindo a ação ao chegar no cômodo, deixando uma pequena brecha aberta na cortina para iluminar um pouco o lugar. Recebendo o breu como um calmante, a dor parecendo instantaneamente aliviar um pouco, tirando uma pequena parte da sensação ruim, além do incômodo.

Exausto, tirou os jeans e camiseta, jogando em algum ponto aleatório do chão, vestindo-se com moletons confortáveis e meias quentinhas antes de deixar seu corpo cair na cama, colocando o celular sobre sua mesa de cabeceira, praticamente berrando de alívio ao se aconchegar nas cobertas espalhadas ali desde a manhã, seus ombros relaxando instantaneamente, assim como seu pescoço, que pesou sobre o travesseiro, afundando-o.

Tentando deixar as preocupações da rotina de lado, o alfa fechou os olhos, se cobrindo e virando na cama, buscando por uma posição confortável, soltando um som de satisfação ao encontrar uma pose boa o suficiente, apertando o cobertor entre os dedos, esfregando os pés sob o tecido, tentando aquecer-se. Longos segundos de paz e tranquilidade se seguiram, quase o suficiente para que caísse no sono, até que começaram, de novo, apesar de mais cedo dessa vez; os passos.

Os mesmos que não viriam a se repetir e que não haviam o feito por dois dias.

Apenas dois dias.

“Puta que pariu” resmungou, cobrindo a cabeça, ouvindo os barulhos aumentarem, transformando-se em pulos, o que fez com que se sentasse desleixadamente, jogando o cobertor um pouco longe e encarando o teto de forma mortal, como se aquilo fosse fazer a bagunça diminuir. Não rolou. “Mas que porra...?”

Tentando ignorar aquilo, deitou-se novamente, colocando o travesseiro sobre a cabeça e cobrindo-o, estando todo escondido sob o tecido. Os sons pareceram dar uma pequena trégua, o suficiente para que ele se deixasse respirar de forma mais profunda, mais uma vez próximo do desejado sono. Porém, ao que seu celular vibrou com uma nova mensagem na mesinha de cabeceira, perdeu o controle, abrindo os olhos bruscamente ao que o ruído se repetiu, sendo acompanhado por um salto particularmente alto.