32. Subject A4. The Stronger.

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Thomas apressou o passo, pois mesmo tendo uma boa noção de tempo o suficiente para saber que dois frascos de calmante durariam além do turno daquele guarda, ele não queria arriscar ser pego no subsolo oito. E também não sabia se realmente ia conseguir sair dali se não se apressasse, pois sabia que tinha deixado alguém muito especial para trás.

Apesar de considerar aqueles minutos com Nancy os melhores da sua vida, Thomas queria chorar justamente porque ela esqueceria, mesmo tendo dito para a própria que não era para ficar tão triste por isso. Porém, acima de tudo, Thomas não tinha mentido quando disse que tinha um plano para que Nancy não se esquecesse completamente dele. Ele só não sabia se realmente funcionaria.

Um pouco receoso, Thomas foi até o subsolo cinco, onde ficava a sala da esteira. Ele abriu a porta da sala e viu que estava tudo apagado, provavelmente fora de serviço até que o CRUEL encontrasse novos imunes para torturar. E apesar disso, as coisas estavam nos seus exatos lugares, exceto que, no lugar da caixinha de som, havia uma pequena maleta com alguma coisa escrita nela.

Thomas se aproximou a passos lentos da mesinha de metal, pegando o objeto e lendo bem baixinho.

- Cobaia A4. A Mais Forte.

Em seguida, Thomas abriu a maleta e viu a tal caixinha de som muito bem guardada ali dentro. Ele pegou o aparelho e quis chorar, lembrando-se que aquela menina ruiva, inteligente e maravilhosa nunca tinha passado de uma cobaia insignificante para o CRUEL. Até mesmo o próprio pai de Nancy pensava assim.

- O que você tá fazendo aqui?

Thomas sentiu o coração parar na sua boca e virou-se rapidamente para trás, deparando-se com Teresa com o ombro encostado no batente da porta. Não dava para ver o seu rosto direito porque a luz estava atrás dela, mas ela não aparentava estar com raiva ou algo assim. Era difícil ver Teresa naquele humor, mesmo com a sua personalidade forte.

- Eu só tava... - Thomas gaguejou, olhando para o chão. - Sei lá, voltando no tempo. Eu acho.

- Você sente falta dela, não é?

Thomas lançou um olhar para Teresa como se dissesse "sério mesmo que você me perguntou isso?", mas ela devolveu um olhar firme que o obrigou a responder de forma mais educada.

- Você não tem ideia. - Thomas suspirou enquanto encarava a caixinha com melancolia.

- Thomas. - ele levantou o olhar para Teresa rapidamente. - Você sabe que isso é o melhor pra ela, não é?

- Não. Eu não sei como isso pode ser melhor pra Nancy, Teresa. - ele respondeu, um tanto irritado daquele papo furado.

- Pense que ela vai esquecer das tristezas dela também. - Teresa se aproximou devagar. - A Nancy vai ser outra pessoa no Labirinto.

- Mas eu não vou estar lá. - Thomas olhou para a caixinha de som mais uma vez, mais triste. - Eu não vou estar lá com ela. Esse é o problema.

Teresa baixou os olhos, parecendo sentir um pouco de remorso, mas não disse nada.

- Você acha que... Se eu colocar isso na Caixa, ela pode se lembrar de alguma coisa? - Thomas perguntou sem pensar, mas se Teresa realmente se importava com Nancy tanto quanto dizia, ela seria sincera. - Sei lá, pelo menos um rosto, uma voz... Qualquer coisa. Você acha que a Nancy conseguiria?

- Talvez. - ela respondeu, encarando-o. - A música estimula muitas partes do cérebro. Duvido que a memória não esteja inclusa.

Thomas revezou o olhar entre Teresa e a caixinha de som algumas vezes, guardando-a de volta na maleta depois de alguns segundos. Ele passou os dedos sobre o título que havia na maletinha, como se fizesse carinho.

- Você a ama, não é? - Teresa perguntou, vendo que os olhos de Thomas ficaram marejados.

- Muito. - ele respondeu baixinho, sem encará-la. - Eu a amo muito.

Uma lágrima dele caiu no chão e Thomas fungou, pensando no quão sozinha Nancy deveria estar se sentindo lá embaixo e como queria ficar com ela. E sem que ele esperasse, Teresa o abraçou com força. E mesmo que Thomas ainda sentisse um pouco de raiva pelas decisões que ela havia tomado, retribuiu o consolo abraçando-a também.

- Eu sinto muito, Thomas. - Teresa sussurrou, parecendo realmente muito triste. - Eu não consigo imaginar a sua dor.

- Eu disse muito tarde, Teresa. E ela vai se esquecer de qualquer jeito. - Thomas soluçou, chorando. - A Nancy não precisa se lembrar que eu a amo. Eu queria que ela pelo menos se lembrasse de mim.

- Ok, então é melhor você se apressar. - ela se afastou e empurrou a maleta na direção do peito do rapaz. - Eu não vou contar pra ninguém. Eu juro.

- O quê? S-Sério? - Thomas gaguejou, um tanto incrédulo pela reação de Teresa.

- Sério, mas é melhor você se comportar nas próximas semanas! Ava está reconsiderando algumas coisas sobre você. Vá logo! - Teresa começava a empurrá-lo na direção da porta. - Aproveite que não tem ninguém no subsolo vinte e cinco.

Thomas saiu da sala discretamente, mas a passos apressados. Sem muita demora, ele estava no subsolo vinte e cinco.

Realmente, não havia ninguém por lá, mas Thomas correu até a sala da Caixa mesmo assim. Ao chegar lá, viu que boa parte dos suprimentos que seriam enviados à Clareira - como os meninos do Grupo A tinham batizado o lugar onde viviam - já tinham chegado e daqui a três semanas, subiriam junto com Nancy.

A maletinha foi depositada bem no canto daquele elevador de ferro esquisito, para que ninguém percebesse que aquilo não fazia parte dos suprimentos.

Thomas colocou a mão na grade da porta do elevador. Nancy estaria deitada ali, desmaiada enquanto o bloqueio de memória concluía a sua função. Depois, acordaria cuspindo um pouco da água da cápsula azul. Ela estaria assustada, confusa e sozinha, sem nem se lembrar do próprio nome. Logo, Nancy ficaria mais assustada ainda, pois estaria rodeada de garotos que não conhecia - e poucos que não lembrava de ter visto uma vez na vida que, aparentemente, teria começado naquele elevador. E Thomas queria estar lá com Nancy para acalmá-la, explicar tudo de novo e lhe fazer companhia, mas ele não poderia, por maior que fosse a sua vontade.

Era inútil tentar afastar aqueles pensamentos enquanto estivesse ali, olhando para o seu maior causador de pesadelos. Então, Thomas logo saiu, repetindo baixinho e várias vezes.

- 2457, 2457...

Before I Forget You《 Maze Runner Fanfic 》Where stories live. Discover now