Capítulo 8 (Felipe)

680 97 130
                                    

Eu estava no carro um pouco nervoso, por causa do primeiro dia de aula, fazia mais de um ano que eu não aparecia naquela escola. Será que as pessoas me aceitariam de volta? Será que elas descobriram a verdade? Será que eu seria julgado?

Fica calmo, não vai acontecer a mesma coisa.

Meu irmão notou meu nervosismo e me olhou de forma preocupada.

- Não se preocupe Lipe! Vai dar tudo certo! - tentou me motivar.

- Esse discurso deveria ser meu! - falo com culpa - Desculpa por estar nervoso, era pra ser seu momento, o primeiro dia do ensino médio - eu disse tentando mudar o rumo dos meus pensamentos.

- Não se preocupe irmão, eu sei que você está sempre comigo, não se esqueça que eu também - ele disse sorrindo.

- Concordo com seu irmão! Não se preocupem, vai dar tudo certo - meu pai melancólico disse olhando a rua.

Eu sabia que meu pai se sentia culpado por não ter conseguido me proteger e cortava meu coração vê-lo triste. Ele havia confessado para mim que quando voltei para casa, nosso pai sentia que todo mal que eu tinha sofrido no ano anterior era sua culpa. Já que ele me fez cursar o segundo ano do ensino médio no interior, como forma de punição para que eu aprendesse a me comportar melhor.

Eu não gosto que ele se sinta assim, não é culpa dele...

Quando tive que me mudar fiquei chateado, aquilo tudo era por causa de uma recuperação boba em história.

Se eu tivesse estudado, tudo poderia ser diferente.

Nem havia sido difícil passar, mas isso o irritou tanto que tomou essa decisão precipitada, pelo menos me deixou voltar em alguns fins de semana, já que as cidades eram próximas. Além disso, eu poderia viver com o carinho da minha vó, então não foi de todo ruim por um bom tempo.

Se eu pudesse voltar no passado, eu teria estudado mais para aquela prova de história.

- Vai sim - eu disse sorrindo.

Comecei a explicar como meu irmão chegaria em sua sala para me distrair e ele me ouviu animado, além de fazer várias perguntas sobre os professores. Senti que falar com Thomás fez parte do medo ir embora, eu estava seguro e nada de mal aconteceria.

De novo...

•••

Estava esperando o diretor em sua sala, já que eu estava sendo considerado aluno novo e precisava conversar com ele para confirmar minha transferência. Minhas mãos soavam muito e não parava de balançar minha perna.

A presença dele me acalmaria ou me deixaria mais nervoso?

Afastei o pensamento e tentei prestar mais atenção nas palavras do diretor.

- Bom dia Felipe - o diretor disse animado ao apertar minha mão.

- Bom dia Sr. Andrade.

- Só Andrade, por favor, - ele disse ao sentar - então voltou para capital.

- Voltei sim - eu disse tentando sorrir.

Qual é a finalidade dessa conversa, porra?

- Vou ser direto, porque você não pode perder a primeira aula, - ele disse e gritei aleluia nos meus pensamentos - eu sei o que aconteceu em sua última escola e você sabe que seus pais trouxeram suas preocupações para mim.

A Nossa Vez De Ter Uma História (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora