Capítulo 2 (Felipe)

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Eu não acredito, simplesmente não acredito.

Gabriel me olhava com expectativa e os olhos dele eram hipnotizantes, acho que não conseguiria me afastar. Parecia que estávamos sozinhos, me sentia enfeitiçado, por seus olhos e a sensação de suas mãos no meu corpo era incrível, eu não resisti...

Assenti com medo, pensei que ele se aproximaria devagar e calmamente, igual ao beijo que seu irmão deu em Cecília. Mas o garoto anjo chegou rápido e sem hesitação, nossos lábios se juntaram sem vergonha, como se já tivéssemos nos beijado muitas vezes. Comecei a colocar minhas mãos em seu rosto, quando senti a textura de sua língua. Era difícil pensar em qualquer coisa que não fosse Gabriel, principalmente quando coloquei uma mão em seu cabelo macio. Meu coração parecia saltar do meu corpo, tentei devolver o beijo com a mesma intensidade, Gabi me beijava ansioso e com força, a sensação era maravilhosa.

Isso deve ser um sonho!

Eu estava beijando Gabriel e o beijo era tão mágico, me sentia voando de tanta felicidade.

Mas eu caí...

Ele se afastou de súbito e me encarou um pouco assustado com aqueles olhos verdes, que pareciam ver minha alma. Tive a impressão, que o loiro estava inseguro e constrangido. Porém a mão dele continuava em minha nuca e a minha em sua bochecha.

Provavelmente eu estava com a mesma cara de Gabriel.

Então percebemos que não estávamos sozinhos, ninguém emitia nenhum som. Por isso, tive que soltá-lo, foi um pouco difícil, pois queria experimentar mais uma vez aquele beijo.

Nos separamos um pouco apreensivos e nós dois sorrimos sem graça e encaramos o chão.

O que eu tinha feito? Que impulsividade era essa? O que eu iria fazer agora? Todo mundo viu, será que seria fofoca na semana que vem?

Todos os palavrões pareciam fracos demais para me xingar, afinal era minha culpa. Já que ele esperou minha confirmação e eu, simplesmente, nem pensei nas consequências de beijar um garoto, no meio de uma roda de verdade ou desafio.

Eu sou muito idiota...

O meu debate interno pareceu durar horas, mas acho que mal foi um minuto, pois comecei a escutar um choro perto de Gabriel.

Brenda, que parecia bem embriagada, chorava baixinho, então correu para o banheiro e se fechou lá. Provavelmente para chorar mais, eu sabia que ela estava apaixonada por Gabriel, mas quem não estava? Aquele menino era simplesmente incrível, não tinha como negar e eu queria muito negar.

Eu tinha presenciado algumas vezes durante o ano, ela tentando se aproximar de Enzo para conhecer melhor seu irmão e assim fazer o mesmo com Gabriel, já que o Enzo era o gêmeo mais sociável. Aquela paixão era antiga, então também fiquei chateado por ela.

Eu sei que às vezes sou bobo demais. Assim que Brenda bateu a porta do banheiro, Roger se virou um pouco furioso para Gabriel.

- Que porra foi essa?

- Eu só cumpri o seu desafio - o loiro disse com a voz trêmula.

- Você é muito insensível, a Brenda não te merece! Fica bem longe da gente, se for continuar com essa viadagem! - disse ao correr para o banheiro.

Gabriel começou a encarar o chão de novo, parecia meio choroso e meu coração sangrou um pouco com aquela cena. Para piorar a roda começou a sussurrar entre si.

- Gente as pizzas chegaram! - gritou Cecília, como nossa salvadora.

A roda começou a se dissipar, ainda meio extasiada com aquela fofoca que duraria meses, só não continuaram lá porque os abutres precisavam se alimentar. Eu tinha certeza que viveria tudo de novo naquela próxima semana, eu só queria chorar, mas o cheiro de pizza me chamava. Seria um consolo e eu não poderia chorar na frente de todos.

A Nossa Vez De Ter Uma História (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora